Thomas Cuypers / Flickr

Uma nova pesquisa confirma uma teoria com 25 anos de que os morcegos caçam e comem pequenas aves em pleno voo a grandes altitudes.

Após quase 25 anos de investigação, os cientistas confirmaram finalmente uma teoria de que suspeitavam há muito: o maior morcego da Europa, o morcego-arborícola-gigante (Nyctalus lasiopterus), caça, captura e devora pequenas aves em pleno ar, a mais de um quilómetro de altitude.

O estudo, publicado na revista Science, revela extraordinárias caçadas noturnas que se realizam nas alturas do céu noturno. Utilizando tecnologia de bio-registo de ponta, uma equipa internacional registou como estes morcegos gigantes perseguem aves canoras migratórias na escuridão total, capturando-as em pleno voo e consumindo-as ainda no ar.

Para desvendar os segredos de caça dos morcegos, os cientistas equiparam-nos com minúsculas “mochilas” com sensores que rastreavam a altitude, a aceleração, o movimento e os chamamentos de ecolocalização. Os dados revelaram que os morcegos sobem nas rotas migratórias de aves noturnas, como os tordos-americanos, detetando as suas presas com ecolocalização de longo alcance e baixa frequência.

Uma vez identificado o alvo, o morcego mergulha abruptamente, por vezes durante quase três minutos, triplicando a sua aceleração e emitindo rápidas rajadas de sons ultrassónicos para orientar o seu ataque. Num evento documentado, os microfones captaram 21 chamadas de socorro de um tordo-americano capturado, seguidos de 23 minutos de sons de mastigação enquanto o morcego se alimentava em pleno voo.

Análises posteriores de ADN e raios X confirmaram o procedimento: o morcego mata a ave com uma dentada, retira-lhe as asas para reduzir o arrasto e guarda a presa numa bolsa membranosa entre as patas traseiras para se alimentar enquanto está no ar, explica o Science Daily.

A descoberta concretiza uma busca de décadas liderada pelo especialista espanhol em morcegos Carlos Ibáñez, que encontrou penas de aves em excrementos de morcegos-noctule no final da década de 1990. Apesar das crescentes evidências, a ideia de que os morcegos poderiam capturar aves em pleno voo era recebida com ceticismo devido à agilidade e ao peso corporal semelhante das aves.

Embora a investigação confirme uma forma extraordinária de predação aérea, os cientistas sublinham que o morcego-arborícola-gigante está em perigo de extinção e não representa uma ameaça para as populações de aves. A perda de habitat continua a ser o seu maior perigo.


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