Há décadas o cinema brasileiro retrata o Rio de Janeiro não apenas como cartão-postal, mas como um território onde beleza e tragédia coexistem. A cidade é cenário para histórias marcadas pela luta cotidiana em busca da sobrevivência. Nas favelas, nos subúrbios ou nas zonas mais abastadas da capital, a violência escancara um país em conflito permanente. 
 
Da consagração internacional de Cidade de Deus à crueza de Tropa de Elite, passando por dramas inspirados em fatos reais, o cinema ajuda a compreender como o Rio de Janeiro se tornou um personagem central do imaginário nacional. A seguir, cinco filmes que, sob diferentes perspectivas, expõem a face violenta e complexa da Cidade Maravilhosa. 

Cidade de Deus (2002) 

Após mais de duas décadas do lançamento, o filme dirigido por Fernando Meirelles já pode ser considerado um clássico do cinema brasileiro. A obra retrata a ascensão do crime organizado na favela Cidade de Deus, entre os anos 1960 e 1980. A trama acompanha a trajetória de Buscapé, jovem que sonha em ser fotógrafo e escapar da violência que o cerca, enquanto observa o crescimento do poder do traficante Zé Pequeno. Com ritmo alucinante, a produção com estética documental escancara a brutalidade cotidiana e a ausência do Estado. 
Onde assistir: HBO Max, Paramount+, Netflix, Globoplay e para locação na Amazon, YouTube e Google Play.

Tropa de Elite (2007)

Sob direção de José Padilha e protagonizado por Wagner Moura, o longa apresenta o universo do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no Rio de Janeiro. A história, narrada pelo capitão Nascimento, mostra um policial dividido entre o dever e a consciência moral, enquanto combate o tráfico nas favelas cariocas. O realismo das operações e a tensão constante retratam uma cidade em guerra, onde a violência institucional e o crime se confundem. Padilha constrói uma visão incômoda, que critica tanto a corrupção do sistema quanto a banalização da violência urbana. 
Onde assistir: HBO Max, Prime Video, Netflix e para locação no Apple TV+, YouTube e Google Play.

Meu Nome Não É Johnny (2008) 

Dirigido por Mauro Lima e estrelado por Selton Mello, o filme narra a história real de João Guilherme Estrella, jovem de classe média alta do Rio de Janeiro que se transforma em traficante de drogas. Ao contrário da criminalidade das favelas, a violência em Meu Nome Não É Johnny é mais simbólica, está na autodestruição do personagem principal, que experimenta o crime como aventura. Entre o humor e o drama, a produção revela o abismo entre os mundos da elite carioca e das periferias.  
Onde assistir: Netflix, Prime Video e para locação no YouTube, Google Play e Apple TV+.

Última Parada 174 (2008) 

Baseado em fatos reais, o filme de Bruno Barreto tem Michel Gomes como protagonista no papel de Sandro do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária e autor do sequestro do ônibus 174. A narrativa entrelaça tragédia pessoal e crítica social, mostrando como a infância nas ruas e o abandono estatal podem empurrar jovens para a marginalidade. Barreto recria o episódio real que chocou o país e explora a violência que marca o Rio de Janeiro. É um retrato perturbador. 
Onde assistir: Paramount+. 

Vitória (2025) 

Dirigido por Andrucha Waddington e Breno Silveira e estrelado por Fernanda Montenegro, a produção é um drama ambientado no Rio de Janeiro que aborda a persistência da violência urbana e seus reflexos sobre a vida de uma mulher. Montenegro interpreta Vitória, uma aposentada que vive sozinha em um bairro de classe média cercado por comunidades dominadas pelo tráfico. A personagem filma, por acaso, um episódio de extrema violência, e decide denunciá-lo às autoridades e à imprensa. O gesto desencadeia uma espiral de ameaças e perseguições, revelando o custo de enfrentar o sistema. 
Onde assistir: Globoplay. 

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