Miguel Stilwell diz que o foco da companhia é obter “retornos” e que “cinco gigas é um número saudável”. Companhia diz preferir um plano mais cauteloso, optando por anunciar mais projetos à medida que os for fechando.

A EDP está hoje a descer mais de 6% na bolsa de Lisboa depois da apresentação do plano de investimentos para o período 2026-2028.

A cotada prevê investir 12 mil milhões de euros no espaço de três anos, uma redução face aos 25 mil milhões de euros do plano apresentado em 2023 e que sofreu dois cortes para os 14 mil milhões.

A nova versão até 2028 prevê investimentos de 12 mil mihões, ao ritmo de 4 mil milhões por ano.

É um pleno menos ambicioso, mas mais realista, garantiu hoje o presidente-executivo da companhia.

“Não estamos pressionados por megawatts, preferimos retornos a construir megawatts. Cinco gigas é um número saudável”, disse hoje Miguel Stilwell d’Andrade em Londres na apresentação do plano estratégico até 2028 perante uma plateia de analistas.

O gestor garante que não vai estar a comprometer-se com projetos adicionais perante o risco de falharem. “Se os projetos não estiverem lá porque o mercado cair…” a EDP fica mais protegida, destacou.

“Temos a Google e a Amazon a ligarem-nos”, exemplificou com a procura por energias renováveis nos EUA.

 “É um sellers market. Vamos tirar vantagem disso nos próximos meses e anos”, afirmou.

A EDPR prevê acrescentar 5 gigas de capacidade até 2028, com 2 gigas nos EUA já este ano. 

EDP vai investir 4 mil milhões por ano até 2028

O grupo EDP liderada por Miguel Stilwell d’Andrade anunciou hoje que vai investir 12 mil milhões de euros até 2028.

Face ao plano estratégico apresentado em 2023, o investimento da EDP vai recuar dos então 25 mil milhões de euros previstos (23-26) para 12 mil milhões (26-28): dos 8,3 mil milhões de euros anuais previstos em 2023 para 4 milhões anuais.

Só a EDP Renováveis previa 20 mil milhões de euros de investimento no plano de 2023, face aos 4,5 mil milhões atuais.

O plano de 2023 tinha sofrido dois cortes em 2024 e no início deste ano: primeiro, para 17 mil milhões, depois para 14 mil milhões. Assim, o investimento anual cai de 4,4 mil milhões anuais para 4 mil milhões.

A casa-mãe EDP vai investir 12 mil milhões brutos entre 2026 e 2028, incluindo 7,5 mil milhões de euros na EDP Renováveis, com a aposta em eólica, solar e sistemas de armazenamento com baterias, com 60% destes nos EUA.

Já 3,6 mil milhões de euros destinam-se a redes de eletricidade, com dois terços a terem lugar na Península Ibérica, “continuando a reforçar o portefólio de produção flexível de eletricidade (flexgen) e clientes na Península Ibérica”.

Nas rotações de ativos, o objetivo é encaixar 5 mil milhões de euros: 200 mihões por ano mais mil milhões anuais em alienações , “libertando capital para investimento nos principais mercados de crescimento”.

Em termos de EBITDA, a companhia reitera a previsão para este ano: 4,9 mil milhões. A expetativa é que suba para 4,9–5 mil milhões em 2026 e para ~5,2 mil milhões de euros em 2028, mais 5% face a 2025.

Este crescimento deve-se ao “crescimento nas renováveis devido ao mercado dos EUA e por maiores investimentos em Redes de Eletricidade em Portugal e Espanha”.

Já a dívida líquida deverá recuar para 15 mil milhões em 2028 (está atualmente nos 17,3 mil milhões), “reforçando o balanço, sustentado por investimento disciplinado e geração robusta de cash flow, apoiando uma sólida classificação de rating de crédito BBB, com FFO/Dívida Líquida a melhorar de ~19% em 2025 para ~22% em 2028, mantendo um portefólio resiliente e de baixo risco”.

Nos lucros, a companhia espera 1,2 mil milhões este ano, 1,2-1,3 mil milhões em 2026 e 1,3 mil milhões em 2028 (mais 8% face a 2025), “melhorando o perfil de qualidade dos resultados com menor peso de ganhos de rotação de ativos e maior peso de mercados regulados e com rating A”.

O dividendo mínimo deverá manter-se 0,21 euros por ação até 2028, “com intervalo alvo de
distribuição de dividendos entre ~60-70% ao longo de 2026-2028, garantindo retornos
atrativos para os acionistas”.

Para lá de 2028, a companhia antecipa um aumento da procura de eletricidade, alimentado pela expansão de centros de dados nos EUA e na Europa, “permitindo um crescimento acelerado das renováveis com base num pipeline diversificado e potencial melhoria de preços decorrente da recontratação da nossa frota operacional nos EUA, bem como oportunidades de hibridização, repotenciação eólica e sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS)”.

Nas redes elétricas, as “necessidades de investimento continuarão a ser significativas na próxima década, enquanto a nossa frota de geração convencional poderá capitalizar no valor crescente da sua flexibilidade”.