Nova tecnologia usa inteligência artificial para guiar células do sistema imunológico direto até tumores e pode acelerar terapias contra o câncer

Imagem microscópica mostrando grupos de células T destacadas em tons alaranjados, indicando interação com células cancerígenas em experimento de laboratório.Nova tecnologia com IA ensina as células T a encontrar tumores com mais precisão – Foto: KH Johansen/Science/Reprodução/ND

Um novo avanço na área de imunoterapia promete mudar a forma como o câncer é combatido no corpo humano. Com a ajuda de inteligência artificial, cientistas criaram um sistema que guia células T direto até tumores, aumentando a precisão no reconhecimento e destruição das células cancerígenas.

O método funciona como um “GPS biológico” e foi projetado por pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca. A inovação representa uma nova forma de fortalecer o sistema imunológico usando proteínas personalizadas construídas com o apoio de modelos de IA.

Inteligência artificial ajuda células T a “enxergarem” tumores

As células T são parte essencial do sistema imunológico e têm a capacidade natural de combater o câncer. Mas, essas células muitas vezes não conseguem reconhecer os tumores com precisão. Para resolver esse problema, os cientistas criaram proteínas sintéticas personalizadas que funcionam como um “sistema de navegação”.

Essas proteínas foram adicionadas às células T, permitindo que elas detectassem e atacassem o câncer com muito mais eficiência. “É como o Google Maps do sistema imunológico”, explicam os pesquisadores. A novidade foi publicada em julho na revista Science.

Imagem de célula T modificada em ação contra célula cancerígena – Vídeo: KH Johansen/Science/Reprodução/ND

Células T foram testadas com sucesso em laboratório

A equipe testou mais de 40 modelos de proteínas criadas por IA e selecionou a que teve melhor desempenho. Nos testes de laboratório, as células T modificadas conseguiram eliminar células de melanoma e impedir o avanço do câncer.

Segundo o biólogo Timothy Jenkins, “o objetivo final é desenvolver novas terapias que os médicos possam usar para tratar o câncer, talvez até mesmo personalizadas para cada paciente”.

Embora a pesquisa ainda esteja nos estágios iniciais, ela já chama a atenção da comunidade científica. Para Stanley Riddell, pesquisador do Fred Hutch Cancer Center, esse é um “avanço empolgante”, com potencial de criar uma nova geração de tratamentos, não apenas contra o câncer, mas para outras doenças.

Testes clínicos ainda devem levar anos

Antes de ser usada em pacientes, a terapia precisará passar por uma longa etapa de testes em laboratório e em animais. Apesar disso, o ritmo de desenvolvimento impressiona. “Leva apenas um ou dois dias para criar os designs promissores, e algumas semanas para testá-los”, afirma Jenkins.

Pesquisadora observa amostras em microscópio enquanto outros cientistas analisam dados em laboratório, durante estudo com células T modificadas para detectar o câncer com mais precisão.A tecnologia encurta um processo que antes levava meses – Foto: Unplash/Reprodução/ND

Para os cientistas, a descoberta é mais um passo na construção de terapias celulares mais inteligentes, com foco na precisão e na velocidade, aproveitando todo o potencial da inteligência artificial.