Nessa situação está um jovem paquistanês, Khalid (nome fictício, prefere não ser identificado), que estuda na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Ele recebeu uma carta há três meses a dizer que a proteção temporária estava cancelada.
“Neste momento não tenho qualquer proteção legal em Portugal”, embora a carta não refira que tem de deixar o país, afirma.
Khalid conta à Antena 1 que em 2023 já tinha o pressentimento de que algo do género poderia acontecer devido à ascensão da extrema-direita em Portugal. Tentou obter a permissão de residência como estudante, foi várias vezes à AIMA, pediram-lhe vários documentos e nunca conseguiu esta autorização.
Agora a Agência para as Migrações e Asilo pede que, para continuar em Portugal, obtenha a permissão de residência rejeitada desde 2023, relata.
Depois de recorrer do cancelamento da autorização no prazo de 10 dias, o estudante diz que não teve resposta. O advogado de Khalid afirma que há 50-50 de hipóteses, mas Khalid conta que “um dos meus amigos, que já recorreu ao tribunal e estava na mesma exata situação, deram a rejeição definitiva”.
“Não entendo quantas vezes tenho de começar de novo”, descreve. Foi para a Ucrânia estudar após sair do Paquistão. O início da guerra levou Khalid a perder o primeiro ano na vinda para Portugal.
Ao fim de três anos na Universidade de Lisboa, lamenta a situação até mesmo na questão das propinas.
Para “todos os estudantes que vieram da Ucrânia foram permitidos todos os direitos”. A mudança de estatuto leva a que, em vez de pagar os valores dos estudantes portugueses, pague 18 mil euros por ano de propinas.
“Sabem que ninguém consegue pagar isso, então querem-nos fora direta ou indiretamente”, diz.
com Gonçalo Costa Martins – Antena 1 (texto)