Hospital Moinhos de Vento / DivulgaçãoSegunda fase do PROMOTE amplia estudo para todo o território brasileiro.Hospital Moinhos de Vento / Divulgação

Uma combinação inédita de medicamentos no Brasil pretende prevenir o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e tem potencial para diminuir em até 45% o risco de AVC e em 26% o declínio cognitivo. Trata-se de uma polipílula desenvolvida para reduzir simultaneamente a pressão arterial e o colesterol – dois dos principais fatores de risco para a doença. O estudo, chamado PROMOTE, é conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

De acordo com a neurologista do Hospital Moinhos de Vento e líder operacional do projeto, Thaís Secchi, a redução desses eventos não apenas diminui a pressão sobre os serviços de urgência e emergência, como resulta em menor necessidade de tratamentos de longo prazo, internações hospitalares e reabilitação.

– Com isso, espera-se uma economia nos gastos públicos e a redução de custos indiretos relacionados à incapacidade e à perda de produtividade dos indivíduos afetados. Além disso, o controle eficaz dos fatores de risco cardiovascular, aliado a mudanças no estilo de vida, contribui para a diminuição de comorbidades e o avanço de doenças cardiovasculares, proporcionando um envelhecimento mais saudável – comenta a profissional.

A idealização do estudo e do uso da polipílula teve origem na Organização Mundial de AVC, por iniciativa dos professores Valery Feigin, da Nova Zelândia, e Michael Brainin, da Áustria. Eles conceberam a estratégia global Cut Stroke in Half (Reduza o AVC pela Metade, em tradução livre), com o objetivo de diminuir em 50% o número de casos da doença em todo o mundo. No Brasil, o estudo é coordenado pela neurologista do Hospital Moinhos de Vento, Sheila Martins.

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Primeiros resultados

A polipílula testada no estudo é um medicamento combinado que reúne, em um único comprimido, dois anti-hipertensivos – anlodipino (5 mg) e valsartana (80 mg) – e uma estatina, a rosuvastatina cálcica (10 mg). Essa combinação permite controlar simultaneamente a pressão arterial e os níveis de colesterol. Tomada uma vez ao dia, a formulação simplifica o tratamento e melhora a adesão dos pacientes, que passam a usar um único comprimido em vez de três.

Além do medicamento, os participantes do estudo utilizaram o Riscômetro de AVC, aplicativo desenvolvido na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, e traduzido para mais de 30 idiomas. A ferramenta avalia o risco individual da doença e oferece orientações personalizadas de acordo com o estilo de vida. Entre os mais de 300 participantes brasileiros, 82% afirmaram ter reconhecido melhor seus fatores de risco e 71% relataram mudanças positivas nos hábitos diários após o uso do app.

– Os resultados da primeira fase foram promissores, demonstrando redução significativa da pressão arterial, melhora dos níveis de colesterol e avanço na saúde cardiovascular geral entre os participantes que usaram a polipílula e o aplicativo em comparação ao grupo placebo e com cuidados usuais – destaca Thaís.

Faça parte da nova fase

A segunda fase do estudo PROMOTE marca o início da etapa nacional e deve envolver aproximadamente 8.250 participantes em 20 centros de pesquisa e 80 unidades de saúde distribuídas pelas cinco regiões do país. O objetivo é avaliar, ao longo de três anos, se o uso diário da polipílula – isoladamente ou associada à mudança de estilo de vida – é capaz de reduzir a incidência de AVC e a taxa de declínio cognitivo em pessoas com baixo ou moderado risco cardiovascular.

O foco principal são pessoas entre 50 e 75 anos que não tenham histórico prévio de hipertensão, diabetes, colesterol elevado, AVC, infarto ou outras doenças cardiovasculares, e que não utilizem medicamentos para essas condições. Os participantes devem ter pressão arterial sistólica entre 120 e 139 mmHg – faixa classificada como pré-hipertensão pela Sociedade Brasileira de Hipertensão – e apresentar pelo menos um fator de risco modificável, como tabagismo, sobrepeso, alimentação inadequada ou inatividade física.

– Essa nova etapa acompanhará os participantes para entender o efeito da prevenção ao longo do tempo, já que a redução do risco cardiovascular é gradual e cumulativa. Caso os resultados se confirmem, nossa meta é avançar para o registro da polipílula na Anvisa e sua incorporação ao SUS, para que possa beneficiar toda a população que vive com hipertensão e colesterol elevado – afirma Sheila.

Pessoas interessadas em saber mais sobre o estudo ou em participar podem entrar em contato com a equipe coordenadora do Hospital Moinhos de Vento pelo WhatsApp no número (51) 98041-4454 ou pelo e-mail projeto.promote@gmail.com.

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