O primeiro-ministro garantiu na sexta-feira que continua a manter total confiança na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, apesar de admitir incómodo com os casos de partos em ambulâncias.


Em declarações aos jornalistas à margem da COP30, Luís Montenegro assegurou ainda que o Executivo está empenhado em corrigir as falhas nos serviços de obstetrícia.


“Estamos muito empenhados em poder ter não só os serviços de urgência que são necessários para atender as situações mais emergentes, como em ter um acompanhamento obstétrico permanente em todos os espaços territoriais do país”, declarou.

Questionado sobre se a ministra da Saúde colocou ou não o cargo à disposição, Luís Montenegro respondeu que não iria confirmar “intriga política que surge ninguém sabe de onde”. O primeiro-ministro reiterou que mantém “totalmente” a confiança em Ana Paula Martins.

Sobre as declarações da governante no Parlamento, onde sugeriu que a grávida de 38 semanas que morreu após ser mandada para casa pelo Hospital Amadora-Sintra não tinha sido seguida nessa unidade hospitalar durante a gravidez, Luís Montenegro disse que “se formos justos e rigorosos”, Ana Paula Martins “leu na Assembleia da República a informação que tinha sido facultada”.

“Essa informação, veio a verificar-se, não estava completa, e face a isso o responsável pela emissão da informação acabou por apresentar a sua demissão”, esclareceu.

“Francamente, nós lamentamos muito que isso tenha acontecido. É desejável que isso não aconteça, mas isto acontece, ninguém é infalível”.

Em resposta aos jornalistas, o chefe de Governo admitiu ainda incómodo com os recentes casos de partos em ambulâncias.


“Claro que me incomoda muito que haja partos em ambulâncias ou mesmo na via pública, mas eu já o pedi e estou à espera de fazer esse levantamento de uma forma sistematizada para percebermos porque que é que isso acontece”, afirmou.

PM espera decisão sobre Spinumviva “o mais rápido possível”
Sobre o caso Spinumviva, cuja decisão sobre a averiguação preventiva o procurador-geral da República anunciou esperar estar concluída ainda este ano, Luís Montenegro disse ter a expectativa de que “essa decisão seja uma decisão com naturalidade de preenchimento de todos os esclarecimentos que me foram solicitados”.

“O que eu posso desejar é que isso aconteça o mais rápido que for possível. Sempre desejei desde a primeira hora e portanto estou muito tranquilo e aguardarei esse momento”, afiançou.

O primeiro-ministro respondia a uma pergunta da jornalista da RTP Daniela Santiago sobre como esperava o desfecho do caso, depois de o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, ter mostrado confiança de que o despacho da averiguação preventiva a Luís Montenegro poderia estar concluído antes do natal.

“Sentido de responsabilidade”
Questionado sobre a possibilidade de uma greve geral, tema que estará a ser discutido entre a CGTP e a UGT, o primeiro-ministro disse não compreender como pode ser marcada uma paralisação dessa dimensão para contestar uma legislação que está a ser discutida com os parceiros sociais.

A RTP apurou que as mais de 100 mudanças da lei laboral que o Governo quer fazer e a pouca abertura do Executivo para aceitar alterar o anteprojeto estão na base destas conversações entre sindicatos.

“Eu respeito a atividade sindical, mas os representantes dos sindicatos têm de explicar porque é que partem para uma jornada de luta – se é que isso é verdade – dessa dimensão”, defendeu Luís Montenegro sexta-feira.

Nós todos temos de ter sentido de responsabilidade e eu espero que esse sentido de responsabilidade possa preponderar na atividade sindical e que não haja nenhuma captura do interesse dos trabalhadores (…) por partidos políticos que estão intimamente ligados a centrais sindicais”, acrescentou.