Se essa derrota já está consolidada, ronda Trump ainda o risco de um revés jurídico sobre o tarifaço. Nesta semana ocorreram as hearings (audiências) na Suprema Corte dos Estados Unidos, que decidirá se as tarifas de importação impostas pelo governo americano ao resto mundo são ou não constitucionais. Os áudios divulgados dessas sessões indicam uma tendência desfavorável à taxação, na avaliação de Carlos Frederico Souza Coelho, professor de Relações Internacionais da PUC-Rio e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Ao blog, o professor explicou que Trump se baseou em uma lei que prevê a identificação de uma “emergência” para justificar a adoção das tarifas — argumento agora contestado na Corte.

Ainda não é possível antecipar a decisão do Tribunal, diz Carlos Frederico, mas os sinais não parecem favoráveis ao presidente. Não por acaso, Trump já admite avaliar alternativas caso o veredito lhe seja desfavorável. Ele já foi derrotado em outras instâncias judiciais, que entenderam que o ex-presidente teria extrapolado seus poderes. Pela legislação americana, o Executivo não pode aumentar impostos sem autorização do Legislativo.

A semana também foi negativa para Trump no campo da imagem. Enquanto líderes de todo o mundo se reúnem em Belém para a COP 30, o presidente americano não compareceu nem enviou representantes para discutir o futuro climático do planeta. Sua ausência e a posição negacionista em relação à mudança do clima — marcada pela saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris — foram mencionadas, direta e indiretamente, na abertura da Cúpula dos Líderes, como um contraponto às demais nações e a urgência de se traçar um caminho para a implementação de medidas que possam ser efetivas para reduzir o impacto das mudanças do clima.

Apesar de o país não ter participado das reuniões preparatórias para a COP 30, Trump chegou a ser convidado por Lula para participar, mas preferiu se abster totalmente. A ausência dos Estados Unidos, em um momento crítico para o debate climático global, representa uma perda de protagonismo e abre espaço para a liderança de China e União Europeia em temas estratégicos.

Realmente, a semana não foi boa para Donald Trump.