Em pouco mais de dois meses, os Estados Unidos realizaram 14 ataques contra embarcações no mar das Caraíbas e no Pacífico e mataram pelo menos 69 pessoas, confirmou o secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth.

Washington alega — sem apresentar provas — que os barcos foram bombardeados pelas suas tropas por serem um meio de transporte de droga da Venezuela para território norte-americano. Além de líderes internacionais e dos familiares das vítimas, alguns membros do Congresso têm exigido ao Governo que comprove as suas acusações.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, já considerou estes ataques “inaceitáveis” violações da lei internacional sobre direitos humanos. A Venezuela tem reiterado que são ilegais e que representam agressões “políticas, diplomáticas e militares” a um Estado soberano da América do Sul. O Presidente Nicolás Maduro também já acusou Donald Trump de procurar a queda do regime venezuelano.

Acredita-se que entre as vítimas mortais estejam ainda cidadãos da Colômbia e de Trindade e Tobago.

Apesar de antigas, as tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos voltaram a aumentar após o regresso de Trump à Casa Branca, especialmente desde Agosto, quando o Presidente mobilizou navios de guerra para águas internacionais próximas do país sul-americano.

Eis os 14 ataques já executados pelas forças armadas dos EUA.

  • 2 de Setembro: onze pessoas são mortas num ataque a um navio vindo da Venezuela e que, alegadamente, transportaria drogas ilícitas. O Governo venezuelano negou que as vítimas fossem membros do cartel de Tren de Aragua, como acusou Donald Trump.
  • 15 de Setembro: três homens são mortos num ataque a outro navio venezuelano quando este navegava em águas internacionais, também com a justificação de que transportaria drogas para os EUA.
  • 19 de Setembro: três homens são mortos a bordo de uma embarcação em águas internacionais. Trump voltou a acusar as vítimas mortais de serem narcotraficantes.
  • 3 de Outubro: quatro pessoas são mortas num ataque a outro barco, ao largo da costa venezuelana. O secretário de Defesa dos EUA alega que se tratava de uma embarcação para tráfico de droga.
  • 14 de Outubro: seis pessoas são mortas em mais um ataque junto à costa da Venezuela. Trump volta a acusar os tripulantes do barco de serem traficantes.
  • 16 de Outubro: duas pessoas são mortas num novo ataque no mar das Caraíbas. Pela primeira vez, há sobreviventes, um cidadão colombiano e um equatoriano, devolvidos ao seu país de origem.
  • 17 de Outubro: ​três pessoas são mortas. Pete Hegseth alegou que o barco bombardeado pertencia ao Exército de Libertação Nacional da Colômbia, mas tanto o Presidente Gustavo Petro, como os guerrilheiros rejeitaram a acusação.
  • 21 de Outubro: cinco pessoas são mortas em ataques contra duas embarcações no Leste do Pacífico. Sem apresentar provas, Hegseth justificou a ofensiva dizendo que as vítimas eram traficantes.
  • 24 de Outubro: seis pessoas são mortas no mar das Caraíbas. Hegseth diz que as forças armadas atacaram uma embarcação do cartel de Tren de Aragua.
  • 27 de Outubro: catorze pessoas são mortas em três ataques contra embarcações no Leste do Pacífico. O Pentágono afirmou que existiria um sobrevivente, mas as operações de busca encabeçadas pela Marinha do México terminaram sem qualquer resgate.
  • 29 de Outubro: mais quatro homens são mortos no Leste do Pacífico. O Departamento de Defesa dos EUA repete que se tratava de uma embarcação de tráfico de droga.
  • 1 de Novembro: ​três homens são mortos no mar das Caraíbas. Pete Hegseth alega que estavam a bordo de um barco pertencente a uma organização de narcotráfico.
  • 4 de Novembro: dois homens são mortos em águas internacionais no Leste do Pacífico. Hegseth volta a alegar suspeitas de tráfico de droga.
  • 6 de Novembro: três homens são mortos em águas internacionais nas Caraíbas. O secretário de Defesa justifica que o navio bombardeado era operado por uma “organização terrorista”.