
Desastre da Ponte Tacoma Narrows, no dia 7 de novembro de 1940
Na manhã de 7 de novembro de 1940, a Ponte de Tacoma Narrows, nos EUA, desabou, forçando uma completa reavaliação na engenharia estrutural das pontes — que mudou para sempre.
Os ventos sopravam a 64 km/h através do estreito de Tacoma Narrows quando a também apelidada de Galloping Gertie começou a ‘saltar’ para cima e para baixo e a torcer-se de um lado para o outro antes de colapsar finalmente no estuário Puget Sound.
Como lembra a Live Science, a ponte, que ligava Tacoma, Washington, à Península de Kitsap, tinha sido inaugurada com “grande pompa” apenas alguns meses antes, em julho de 1940.
A estrutura “elegante e flexível “— na altura, a terceira ponte suspensa mais longa do mundo — tinha sido desenhada pelo engenheiro de pontes de renome mundial Leon Moisseiff, que também ajudou a conceber a Ponte Golden Gate.
Contudo, desde o início, os trabalhadores notaram a oscilação da ponte com o vento.
“Soube-se, desde a noite do dia em que a ponte abriu, que algo estava errado. Nessa mesma noite, a ponte começou a galopar”, disse F. Bert Farquharson, engenheiro da Universidade de Washington que fora contratado pela Autoridade de Portagens para descobrir a origem da oscilação.
Quando a equipa de Farquharson contactou Moisseiff, ele reconheceu que duas das suas outras pontes também oscilavam, mas com uma amplitude muito menor.
Muitas correções se foram tentando fazer, mas nenhuma delas foi suficiente para evitar a tragédia de 7 de novembro.
Como conta a Live Science, na manhã desse dia, Leonard Coatsworth, jornalista do Tacoma News Tribune, encaminhava-se para casa com o seu cão, Tubby, quando a ponte começou a ondular para cima e para baixo e a inclinar-se de lado a lado.
Coatsworth abandonou o carro a meio da ponte e avisou o jornal, que enviou os repórteres Bert Brintnall e Howard Clifford.
Clifford era o fotógrafo. Foi o último homem a sair da ponte: “A via estava a saltar para cima e para baixo, a cair debaixo de mim e literalmente a deixar-me a correr no ar. Depois voltava a subir, forçando-me a ajoelhar”, relatou Clifford numa reportagem posterior para o jornal.
“Continuei durante o que pareceu uma eternidade, mas provavelmente foram apenas alguns minutos, até finalmente alcançar terreno estável. O Bert estava à minha espera, deixando-me como a última pessoa a sair da ponte”, acrescentou.
Houve um som alto, como um disparo, quando o cabo de 17,5 metros se partiu, e às 11h02 da manhã, o centro da ponte caiu na água.
Clifford e Brintnall, juntamente com um operador de câmara, capturaram a queda da ponte. Tubby não sobreviveu. Foi a única vítima.
Engenharia de pontes mudou para sempre
Posteriormente, os especialistas descobriram que o colapso foi causado por vibração torsional. Depois de um cabo no meio do vão escorregar, separou-se em dois comprimentos desiguais. Isso, por sua vez, permitiu que a ponte começasse a torcer-se.
A torção alterou o ângulo do vento em relação às principais vigas da ponte, fazendo com que absorvesse mais energia, aumentando assim a amplitude do movimento. A certa altura, a torção sincronizou-se com o vórtice do vento, tornando-se auto-sustentada.
A ponte era demasiado longa, o seu tabuleiro demasiado leve e a faixa de rodagem demasiado estreita para oferecer resistência suficiente às forças aerodinâmicas, concluiu um relatório sobre a falha, citado pela Live Science.
O desabamento mudou a história da engenharia de pontes para sempre. Como resultado do colapso, todos os engenheiros passaram a ser obrigados a testar uma versão tridimensional à escala de qualquer ponte num túnel de vento antes do início da construção.
O desastre também fez com que a “teoria da deflexão” — a ideia de que apenas o movimento vertical em pontes suspensas era relevante — fosse alterada, tendo passado a incluir outros modos de movimento.