As intervenções de Elon Musk na reunião anual de acionistas da Tesla são frequentemente palco de promessas que o tempo se encarrega de desmentir. Desta vez, o CEO da gigante dos veículos elétricos afirmou que o Full Self-Driving sem supervisão humana poderá ser lançado dentro de 1 ou 2 meses.

O futuro da condução segundo a Tesla de Musk

Durante a sua mais recente apresentação, Elon Musk confirmou que os proprietários de um Tesla poderão “enviar mensagens de texto enquanto conduzem muito em breve”. Para dar mais força à sua declaração, o magnata acrescentou que esta funcionalidade está “quase pronta”.

É importante entender que Musk não se referia a uma simples integração de comandos de voz para aplicações como o WhatsApp, mas sim a um avanço significativo na tecnologia de condução autónoma da empresa.

A visão de Musk é clara: elevar o nível de autonomia dos seus veículos a um ponto em que o condutor possa delegar totalmente a tarefa de condução ao automóvel. Isto permitiria realizar outras atividades, como utilizar o telemóvel para enviar mensagens.

Segundo o próprio, o sistema de Full Self-Driving (FSD) sem supervisão humana será uma realidade “dentro de um ou dois meses” para os clientes que adquiriram este pacote de software.

De que nível de autonomia estamos a falar?

Atualmente, os veículos da Tesla operam com um nível 2 de condução autónoma, que exige a supervisão constante do condutor. Embora o objetivo final de Musk seja atingir o nível 4, é provável que esta promessa se refira à transição para o nível 3.

Este nível intermédio representa um salto qualitativo, pois permite que o veículo tome a maioria das decisões de condução em ambientes controlados, como autoestradas, libertando o condutor da necessidade de manter as mãos no volante ou a atenção permanentemente na estrada.

Contudo, estas declarações devem ser vistas com cautela. A Tesla ainda não anunciou qualquer acordo com as entidades reguladoras para validar a utilização de dispositivos móveis ao volante, mesmo com um sistema de nível 3 ativo.

Assim, a afirmação de que será possível “enviar mensagens de texto” pode ser um exagero de Musk para ilustrar o grau de liberdade que os condutores terão, em vez de uma funcionalidade legalmente aprovada.

E em Portugal, qual é a realidade?

A resposta para os proprietários portugueses é negativa. A legislação nacional, espelhada no Código da Estrada, é bastante explícita quanto às responsabilidades do condutor. De momento, apenas são permitidos sistemas de condução autónoma de nível 1 e 2, que funcionam como assistentes e requerem que o condutor mantenha sempre o controlo do veículo.

Os níveis superiores, embora possam ser testados em cenários específicos e autorizados, não estão homologados para uso geral em automóveis de passageiros.

Desta forma, mesmo que a Tesla disponibilize globalmente uma atualização para o nível 3 de autonomia, a sua utilização não será legal em Portugal. Este nível, que permite ao condutor desviar a atenção da estrada e não tocar no volante por períodos prolongados, colide diretamente com a legislação em vigor.

 

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