Antes da última paragem para as seleções do ano, a visita aos Açores. O bicampeão nacional voltou a entrar em ação este sábado, colocando fim a uma série exigente de jogos durante os meses de outubro e novembro em São Miguel, frente a um Santa Clara que esteve em excelente plano na temporada passada, mas que decresceu na fase inicial da nova época. O Sporting viajou até arquipélago localizado no oceano Atlântico à procura de prolongar a boa forma e de pressionar os rivais FC Porto e Benfica, que só entram em ação no decorrer do dia de domingo. Ainda assim, a visita a Turim, a meio da semana, acabou com um empate sofrido (1-1), numa partida em que o guarda-redes Rui Silva foi o grande destaque e que permitiu aos leões chegarem aos sete pontos na fase de liga da Liga dos Campeões, aproximando-se do apuramento para a fase a eliminar.

O leão chegou cedo ao dia do banho turco, mas só Rui Silva conquistou um lugar na suite dos campeões (a crónica do Juventus-Sporting)

A equipa de Rui Borges parece cada vez mais adaptada ao estilo de jogo do treinador e, ao longo do último mês, colecionou sete partidas sem perder, com cinco vitórias consecutivas e dois empates. A última derrota distava do primeiro dia de outubro, frente ao Nápoles (fora, 1-2), com os empates frente a Sp. Braga (casa, 1-1) e Juventus (fora, 1-1) a perfilarem-se como os resultados mais penalizadores. Para o jogo com o Santa Clara, a turma de Alvalade sabia de antemão que ia voltar a ser posta à prova frente a um adversário que defende com um bloco baixo e compacto, pelo que o plano tático, essencialmente o ataque posicional, teria que se sobrepor. Depois de ter sido suplente em Turim, até pela sua condição física, perspetivava-se que o Luis Suárez regressasse ao onze de Borges.

“O Santa Clara é uma equipa madura, que se conhece bem. É muito bem orientada. O Vasco Matos está a fazer um grande trabalho. São muito competitivos em casa. Na época passada tivemos muitas dificuldades. Nos últimos jogos têm mudado algumas dinâmicas. Na tabela classificativa não parecem tão bem, mas têm menos um golo sofrido do que na época passada. Vamos ter muitas dificuldades. Dentro da muita exigência, queremos continuar com a nossa qualidade. Depois, temos de ser o Sporting que temos sido, continuando a crescer em todos os momentos de jogo. Espera-nos um jogo difícil. A equipa tem dado uma resposta muito boa na qualidade de jogo, mas fisicamente também. Temos crescido nesse sentido também. Todos os jogadores têm de estar preparados e estão muito motivados, porque sabem da exigência do jogo de amanhã [sábado], nos Açores. Temos de estar focados apenas e só nisso”, partilhou o técnico transmontano na antevisão ao jogo.

Ficha de jogo

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Santa Clara-Sporting, 1-2

11.ª jornada da Primeira Liga 2025/26

Estádio de São Miguel, em Ponta Delgadas

Árbitro: João Gonçalves (AF Porto)

Santa Clara: Gabriel Batista; Luís Rocha, Frederico Venâncio, Sidney Lima; Lucas Soares, Adriano Firmino, Pedro Ferreira, Serginho (Brenner Lucas, 88’), Paulo Victor; Vinícius Lopes (João Costa, 88’) e Wendel Silva (Matheus Pereira, 66’)

Suplentes não utilizados: João Afonso; Diogo Calila, Elias Manoel, Luquinhas, José Tavares e Henrique Silva

Treinador: Vasco Matos

Sporting: Rui Silva; Iván Fresneda (Alisson Santos, 76’), Ousmane Diomande, Gonçalo Inácio, Maxi Araújo; Morten Hjulmand, João Simões (Fotis Ioannidis, 46’); Geny Catamo (Geovany Quenda, 57’), Francisco Trincão (Matheus Reis, 90+3’), Pedro Gonçalves (Hidemasa Morita, 57’); Luis Suárez

Suplentes não utilizados: João Virgínia; Georgios Vagiannidis, Giorgi Kochorashvili e Eduardo Quaresma

Treinador: Rui Borges

Golos: Vinícius (5’), Pote (32’) e Hjulmand (90+4’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Wendel (1’), Simões (13’), Diomande (36’), Serginho (36’), Fresneda (54’), Venâncio (60’), Sidney (72’ e 90+6’), Adriano (90+4’ e 90+4’) e Rui Silva (90+6’), vermelho a Araújo (90’), Adriano (90+4’) e Sidney (90+6’)

Os açorianos chegaram a este jogo com algumas mudanças táticas face à época passada, já que Vasco Matos decidiu abdicar da linha de cinco defensiva, depois de um início de época irregular, mas o resultado não foi o melhor e somou dois desaires, com um empate e apenas uma vitória. Para este jogo, o regresso ao esquema com cinco defesas era bastante expectável. “Na nossa casa temos de mostrar a nossa identidade. Temos de acreditar em nós e naquilo que é o nosso trabalho. Olhar o adversário nos olhos, obviamente com as nossas armas e eles com as armas deles, e fazer tudo por tudo para vencer o jogo. Sabemos da grandeza do Sporting, o campeão nacional. É uma equipa que está num excelente momento de forma, mas temos de olhar para nós. É uma equipa com muita qualidade, com uma variabilidade muito grande no jogo, qualidade individual e qualidade coletiva. Obviamente temos de ter muita capacidade de, nestes momentos, ter coesão e uma superação muito grande”, elucidou Matos.

Antes do início do jogo, Rui Borges pôde voltar a contar com Iván Fresneda e Luis Suárez no onze inicial, depois de o defesa e de o avançado terem, aparentemente, recuperado dos problamas físicos recentes. Para além dessa dupla mudança, o treinador optou por voltar a contar com Geny Catamo no lado direito do ataque, sendo que Georgios Vagiannidis, Geovany Quenda e Fotis Ioannidis foram relegados para o banco de suplentes. No Santa Clara, em relação à última jornada, Vasco Matos faz apenas uma alteração e volta a apostar numa defesa com três centrais, com Frederico Venâncio a regressar ao onze, por troca com Brenner Lucas. Ainda assim, o Santa Clara continua privado de utilizar Gabriel Silva.

Os leões entraram com dificuldades no relvado do Estádio de São Miguel e, com apenas cinco minutos de jogo, acabaram surpreendidos, num lance em que Lucas Soares despejou a bola no ataque e Ousmane Diomande ficou mal na figura, ao falhar o domínio e a entregar a bola a Wendel Silva. O avançado recebeu e cruzou com precisão para o segundo poste, onde apareceu Vinícius Lopes a completar para o golo com um remate cruzado ao poste mais distante (5′). Paulatinamente, o Sporting foi melhorando e conseguindo criar perigo, com Suárez a cabecear ligeiramente ao lado depois de um cruzamento de Maxi Araújo (16′). Pouco depois, Morten Hjulmand recuperou no corredor central e deixou para Francisco Trincão, que entregou de pronto para Pedro Gonçalves que, depois de ganhar metros, atirou colocado para uma grande defesa de Gabriel Batista (20′). No lance seguinte, Geny recebeu na direita e atirou em arco, mas o guarda-redes agarrou o esférico (21′) e, depois de um cruzamento de Fresneda, Maxi ganhou nas alturas, só que a sua cabeçada saiu por cima (28′).

Já para lá do fecho da primeira meia-hora da partida, Catamo recebeu a bola na direita, onde apareceu completamente sozinho e, depois de ter tempo e espaço para preparar o cruzamento, cruzou de pé esquerdo para o segundo, onde Pote apareceu a completar de cabeça para o empate (32′). O conjunto verde e branco continuou com o pé no acelerador e, depois de uma perda de bola do Santa Clara em zona central, o moçambicano isolou Suárez com um grande passe e, depois de contornar Gabriel, o colombiano atirou para o golo, mas Sidney Lima cortou em cima da baliza (35′). Pouco depois, Luis Suárez recebeu dentro da área e, na passada, atirou cruzado de pé esquerdo, mas Gabriel Batista fez mais uma grande defesa, em contrapé (38′). O Sporting continuou intenso e a pressionar em cima até ao intervalo, mas não conseguiu desfazer o empate na primeira parte (1-1).

O intervalo teve o condão de trazer um novo Sporting, com Fotis Ioannidis a entrar para o ataque e João Simões a sair, o que levou Pedro Gonçalves a baixar para o centro. O fulgor ofensivo leonino continuou, mas a mudança durou pouco tempo, já que, no arranque da segunda parte, Pote teve de abandonar o terreno de jogo por problemas físicos, saindo desolado. Para o seu lugar entrou Hidemasa Morita, com Rui Borges a aproveitar para trocar Geovany Quenda por Geny Catamo no corredor. Com o Santa Clara limitado a defender, mais ainda depois da entrada de Matheus Pereira para o lugar de Wendel Silva, os leões demoraram a recuperar da ausência do internacional português, voltando a tentar de longe, com Quenda a receber na direita e a fazer o seu movimento habitual, antes de atirar perto do poste direito da baliza de Gabriel Batista (69′).

Para o último quarto de hora, Borges retirou Iván Fresneda e lançou Alisson Santos, que passou para o lado esquerdo, deixando o flanco direito na totalidade para Geovany Quenda. Logo a seguir, Suárez recebeu um mau alívio da defesa do Santa Clara e, da entrada da área, atirou rasteiro e ao lado (78′). Pouco depois, Ioannidis roubou uma bola que parecia ganha por Luís Rocha e, na pequena área e com pouco ângulo, atirou para mais uma defesa decisiva de Batista (81′). O grego voltou a destacar-se pouco depois, ao aparecer completamente sozinho, no coração da área, após um centro de Maxi Araújo, mas o seu cabeceamento saiu ao lado (86′). Já com João Costa e Brenner Lucas em campo, uma nova falha de Ousmane Diomande terminou com Brenner a aparecer solto na área, mas o remate do extremo saiu ao lado (90′). Logo a seguir, a defesa voltou a falhar e Brenner isolou-se e acabou carregado em falta por Maxi, que foi prontamente expulso (90+1′). Na compensação, Matheus Reis saiu do banco para um canto ofensivo dos leões, que teve origem num cruzamento de… Quenda, que saiu diretamente para fora. O internacional português cobrou a bola parada para o primeiro e, de cabeça, Hjulmand ganhou a toda a gente e cabeceou para o golo da vitória leonina (90+4′). Até ao fim, Adriano Firmino e Sidney foram expulsos, num final marcado por tudo menos pelo futebol.