Em um cenário onde a nutrição funcional e os superalimentos ganham cada vez mais atenção, alimentos como ostras e ovas de peixe — incluindo o luxuoso caviar — se destacam não apenas pelo sabor sofisticado, mas pela impressionante densidade nutricional. Longe de serem apenas iguarias reservadas a ocasiões especiais, esses frutos do mar oferecem benefícios à saúde que são reconhecidos pela ciência.

As ovas de peixe são os óvulos maduros, não fertilizados, de peixes fêmeas. Com um sabor intenso e super marcante, a iguaria transforma qualquer refeição em uma verdadeira experiência. Mas e o caviar? Além de ser a ova mais famosa e cara do mundo, o alimento usado na alta gastronomia é feito com ovas do esturjão, um peixe encontrado, principalmente, no Mar Cáspio, que banha parte da Europa e da Ásia, com sal. Por isso, os maiores produtores da iguaria são a Rússia e o Irã.

Atualmente, já existem outras ovas de peixe com sal amplamente utilizadas em diversos tipos de culinária, como as ovas de salmão, de peixe-voador, de bacalhau, de capelim, entre outras. Independente do peixe de origem, todas são igualmente ricas em nutrientes, em especial vitamina B12 e ômega 3.

— Do ponto de vista nutricional, é um produto que tem uma boa quantidade de proteína, de gordura insaturada ou poliinsaturada, incluindo ômega 3, que são gorduras boas. Também tem pouco carboidrato, é rico em vitaminas do complexo B, em especial da vitamina B12, que tem importância principalmente para o sistema nervoso — explica a nutricionista Priscilla Primi, colunista do GLOBO.

As ovas de peixe são particularmente valorizadas pelo alto teor de DHA e EPA, duas formas de ômega 3 com ação anti-inflamatória e neuroprotetora. Estudos, como o publicado na revista Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids, indicam que o consumo de ovas pode aumentar significativamente os níveis de ômega 3 no sangue, o que está relacionado a uma melhor saúde cerebral, redução de triglicerídeos e menor risco de arritmias cardíacas.

Além disso, elas são fontes de colina, um nutriente essencial para o desenvolvimento do cérebro e é especialmente importante durante a gestação. As ovas de peixe também são ricas em selênio, um antioxidante que protege as células contra o estresse oxidativo e apoia a função da tireoide e em proteínas de alta qualidade – cada 100g de ovas tem cerca de 25g de proteínas que contém todos os aminoácidos essenciais.

— O selênio é um mineral importante no sistema imunológico e para a função reprodutiva — pontua Primi. — Esse alimento também é rico em magnésio, que é importante para controlar o funcionamento de enzimas que ajudam na produção e transferência de energia e vários outros processos vitais.

Embora haja controvérsia – há quem ame e quem odeie – as ostras são outro fruto do mar altamente valorizado e muito consumido no Brasil. Com sua textura peculiar e mastigável, além de um sabor salgado, com notas de peixe fresco, elas são encontradas em diferentes apresentações: cruas com gotas de limão, gratinadas, no vapor, fritas, grelhadas, empanadas, entre outras.

As três regiões que se destacam pelo cultivo do produto no país são Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A primeira, além de ser detentora da maior parte da produção nacional, também produz as mais desejadas.

Esse alimento faz parte do grupo dos moluscos bivalves, ou seja, com concha dividida em duas valvas. O mesmo dos mexilhões, mariscos, berbigões, vieiras e lambretas.

Amêijoas e ostras estão entre os animais mais ricos em nutrientes do planeta, atrás apenas de peixes pequenos como sardinhas e anchovas. Elas têm baixo teor de gordura e são uma boa fonte de proteína: 100 gramas tem cerca de 10,5 g a 15 g de proteína, a depender do preparo, e cerca de 70 calorias.

As ostras também são uma das fontes mais ricas de zinco da dieta humana. Uma porção de seis ostras médias pode fornecer mais de 500% da ingestão diária recomendada desse mineral essencial, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Esse mineral é crucial para o sistema imunológico, a cicatrização de feridas, a saúde da pele e até mesmo a regulação hormonal.

Além disso, assim como as ovas, as ostras contêm ômega 3, são ricas em vitamina B12, além de minerais como ferro, cobre e selênio. Os ácidos graxos ômega 3 são importantes para a saúde cardiovascular e cerebral. Um estudo publicado no Journal of Nutrition mostra que o consumo regular desse ácido graxo está associado à redução do risco de doenças cardíacas.

No que diz respeito às ostras, há ainda a crença de que esse alimento é afrodisíaco e contribuiu para a vida sexual. Nesse campo, as evidências são mais nebulosas. Não há respaldo científico para essa afirmação.

No entanto, o zinco e o selênio, dois minerais encontrados nas ostras, são importantes para a saúde sexual.

Devido à sua composição nutricional, o consumo de ostras e ovas de peixe podem contribuir para a saúde de diversas formas. Por exemplo, seu alto teor de proteínas de boa qualidade ajuda na saciedade, na manutenção dos músculos e do organismo como um todo, já que os aminoácidos essenciais presentes nestes alimentos são fundamentais para o bom funcionamento do corpo.

Já o ômega 3 e outros ácidos graxos presentes nestes alimentos garantem efeitos cardioprotetores. A vitamina B12 é necessária para o funcionamento de diversos órgãos, incluindo o cérebro, nervos e células sanguíneas. A deficiência dessa vitamina pode causar uma variedade de sintomas, incluindo fadiga, problemas neurológicos e anemia.

Apesar de seus muitos benefícios, ostras devem ser consumidas com atenção à origem e ao preparo. O alimento pode conter bactérias como a Vibrio vulnificus, que representa risco em especial para pessoas imunocomprometidas.

— A ostra é um produto fresco, que tem que ser comido fresco — afirma Primi.

De acordo com a nutricionista, ostras e outros frutos do mar são alimentos altamente perecíveis. Por isso, o ideal é comê-los no litoral ou em cidades próximas e sempre optar por lugares que garantam práticas adequadas de armazenamento e manipulação.

Uma dica para saber se a ostra está boa é o líquido ao seu redor estar límpido e estar com “cheio de mar”. Ostra não deve ter um odor forte. Se for o caso, não coma. Optar por opções cozidas também reduz significativamente o risco de contaminação.

Já com o caviar e outras ovas, a conservação em sal e a industrialização reduz o risco de contaminação. Por outro lado, esses produtos podem conter níveis elevados de sódio, o que deve ser levado em conta por quem tem hipertensão.