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O governo australiano está a incentivar a população a usar os aparelhos que gastem mais energia — a determinadas horas do dia. Na Austrália, captar energia solar é barato; armazenar o seu excedente para uso posterior é um grande desafio logístico.

Mais de metade da população da Austrália, com 27 milhões de habitantes, vai passar a beneficiar de pelo menos três horas diárias de eletricidade solar gratuita, mesmo que não tenha painéis solares instalados nos telhados das suas habitações.

Segundo o The Guardian, a medida aplica-se aos residentes de três estados australianos — Nova Gales do Sul, sudeste de Queensland e Austrália do Sul — que representam cerca de 14 milhões de pessoas.

O governo australiano chegou mesmo a sugerir que os australianos aproveitassem esse período para usar os equipamentos que mais consomem energia, desde aparelhos de ar condicionado a carregadores de automóveis elétricos — um privilégio com que as regiões menos ensolaradas do planeta só podem sonhar.

A iniciativa foi concebida para garantir que o excesso de energia produzido nos períodos de maior produção não fique por utilizar.

À medida que os países apostam cada vez mais em parques solares e que um número crescente de famílias instala painéis fotovoltaicos, a energia disponível é abundante. No entanto, armazenar toda essa eletricidade para utilização posterior continua a ser um grande desafio logístico.

Para equilibrar o consumo ao longo do dia, precisamente quando a produção solar atinge o pico, o governo pretende incentivar os residentes a deslocar os períodos de maior utilização, que tradicionalmente não ocorrem a meio do dia, para as horas em que há excedente energético.

Os defensores da medida argumentam que esta estratégia pode contribuir para estabilizar a rede elétrica e beneficiar também quem não é proprietário de habitação.

“As pessoas que conseguirem transferir o consumo de eletricidade para o período de energia a custo zero irão beneficiar diretamente, quer tenham ou não painéis solares, quer sejam proprietárias ou arrendatárias”, afirmou o ministro das Alterações Climáticas e da Energia, Chris Bowen, num comunicado.

“E quanto mais pessoas aderirem e ajustarem o seu consumo, maiores serão os benefícios sistémicos que reduzem os custos para todos os utilizadores de eletricidade”, acrescenta o governante.

Há tanta energia disponível a meio do dia que, muitas vezes, os preços são muito baixos ou negativos, e isso deveria ser algo que, de acordo com a nossa análise, as empresas de energia poderiam incorporar e oferecer”, disse o ministro australiano à edição local da ABC.

Bowen espera que, até 2030, cerca de 82% das necessidades energéticas da Austrália sejam satisfeitas através de fontes renováveis, acompanhadas de uma redução de 43% nas emissões face aos níveis registados em 2005.


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