Nem detetive, nem produto de inteligência artificial, nem sequer adulto. O icónico “Fedora Man” apanhado ao lado de agentes da polícia numa fotografia da Associated Press após o roubo do museu do Louvre, em Paris, no dia 19 de outubro, é afinal um jovem de 15 anos apaixonado pelas histórias de Sherlock Holmes ou Hercule Poirot.
Pedro Elias Garzon Delvaux é o jovem a usar o chapéu Fedora e com roupas que recuperam uma estética de outra era, mais adequada aos anos 40 e a um filme noir, que se tornou um fenómeno da Internet, alimentando a especulação de que seria o detetive francês responsável pela investigação do roubo.
Em entrevista à AP, Pedro Delvaux, que vive com os pais e o avô em Rambouillet (a cerca de 30 kms de Paris), quebrou agora o mistério. “Não quis dizer imediatamente que era eu. Esta foto tem um mistério, por isso é preciso fazer com que dure”, afirmou.
— The Associated Press (@AP) November 10, 2025
Recuperando não só o Fedora — inclinado de forma a homenagear Jean Moulin, herói da Resistência francesa —, mas também o resto do visual — um colete Yves Saint Laurent do pai, um casaco escolhido pela mãe, uma elegante gravata azul com riscas, calças Tommy Hilfiger e um relógio russo antigo que foi restaurado —, o jovem confessou que foi uma casualidade ter aparecido na fotografia, embora esclareça que aprecia esta estética e que costuma ir assim para a escola.
“Queríamos ir ao Louvre, mas estava fechado. Não sabíamos que tinha havido um assalto“, explicou Pedro Delvaux, acrescentando: “Quando a foto foi tirada, eu não sabia. Estava apenas a passar”.
Alguns dias depois, recebeu uma mensagem de uma pessoa sua conhecida a questioná-lo se era mesmo ele o “Fedora Man”, como a Internet o veio a apelidar. “Disse-me que tinha 5 milhões de visualizações… Fiquei um pouco surpreendido”, contou. Depois, soube que a sua imagem tinha inclusivamente chegado ao The New York Times. “Não é todos os dias”, brincou.
“Fedora Man” smascherato: ecco chi è l’uomo misterioso del Louvre
La foto dell’uomo con cappello e impermeabile davanti al museo parigino aveva fatto impazzire il web.
Oggi il mistero è risolto: si tratta di Pedro Elias Garzon Delvaux, giovane artista e fotografo.
La sua immagine… pic.twitter.com/ow4UENrFne— LaPresse (@LaPresse_news) November 10, 2025
Pedro Delvaux assumiu que este é o seu estilo. “Gosto de ser chique. Vou para a escola assim“, referiu, apesar de esclarecer que o chapéu fica reservado para fins de semana e ocasiões especiais. A aproximação a detetives de outro tempo, como Hercule Poirot, não é descabida, considerando a personagem criada por Agatha Christie “muito elegante” e defendendo uma imagem distinta para casos fora do normal: “Quando algo incomum acontece, não se imagina um detetive normal. Imagina-se alguém diferente”.
O contexto em que o adolescente de 15 anos cresceu acabou também por alimentar o apreço por esta iconografia. A mãe, Félicité Garzon Delvaux, cresceu num palácio do século XVIII e ele é neto de um curador e de uma artista.
Agora, Pedro Delvaux admitiu que gostaria de transportar essa paixão pela arte para o cinema, brincando com o mediatismo e futuros convites. “Estou à espera que as pessoas me contactem para filmes. Isso seria muito engraçado. Sou uma estrela”, disse, deixando ainda uma garantia: “Vou continuar a vestir-me assim. É o meu estilo”.
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