Em 2020, como negacionista das alterações climáticas, ganhou fama e a alcunha de “anti-Greta“. No verão do ano passado, ganhou a atenção (e a aprovação) de Elon Musk. Agora, a influencer de extrema-direita Naomi Seibt diz ser a “primeira alemã a candidatar-se a asilo sob o Presidente Trump por causa de perseguição política”. O anúncio foi feito por Seibt no final de outubro e tornou-se o foco da sua presença online, onde tem falado com outros influencers do mesmo espectro político, alemães e norte-americanos, sobre o tema.

A jovem de 25 anos diz estar a tentar obter asilo nos Estados Unidos por ser vítima de “vigilância das secretas”, “difamação dos media estatais” e “ameaças ANTIFA”, uma referência ao movimento político descentralizado de ativistas anti-fascistas. Tudo porque, diz Seibt, é “uma defensora da liberdade de expressão e apoiante do partido AfD“, a Alternativa pela Alemanha, o partido de extrema-direita alemão, que conquistou o segundo lugar nas eleições legislativas do início deste ano.

O pedido de asilo de Seibt é uma realidade rara nos Estados Unidos. Os pedidos de asilo são apresentados por cidadãos estrangeiros que procuram fugir a guerras, catástrofes naturais ou a perseguições de natureza política ou religiosa. Ora, a relativa estabilidade política na Europa faz com que “apenas uma mão cheia de europeus ocidentais” tenham recorrido a este processo, escreve o Washington Post, que publicou uma entrevista com Seibt este domingo.

A influencer procura, como nota o jornal norte-americano, usufruir de uma diretiva da administração norte-americana, liderada por Donald Trump, que privilegia a atribuição de asilo a sul-africanos brancos. A proposta inclui uma referência direta a “defensores da liberdade de expressão na Europa”, adiantou um antigo responsável norte-americano que teve acesso ao documento — privilégio no qual Seibt estaria incluída.

“Eu estou genuinamente à procura de proteção dos Estados Unidos porque temo pela minha vida, pela vida da minha família”, elaborou Naomi Seibt. A influencer acrescentou que está a ser investigada pelas autoridades alemãs por “incitamento ao ódio” devido a publicações nas redes sociais, onde soma milhares de seguidores. O discurso de ódio é muito mais regulado na Alemanha, onde qualquer discurso de negação do Holocausto ou de propaganda nazi é proibido. Tais limites não existem nos Estados Unidos.

A viver nos Estados Unidos há cerca de um ano, Seibt foi recentemente recebida pela congressista republicana Anna Paulina Luna, que disse estar a “ajudar pessoalmente” a alemã, estabelecendo contactos com o gabinete de Marco Rubio. Contactado pelo Post sobre o caso, o Departamento de Estado disse estar “extremamente preocupado com a censura crescente dos burocratas e responsáveis governamentais da UE” e ainda “apoiar todos os europeus que trabalham para defender a herança civilizacional comum”.

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