Ainda assim, Sergey Lavrov veio esta terça-feira realçar que teve uma “conversa boa, educada e sem interrupções” com o secretário de Estado: “O próximo passo deveria ser uma reunião de representantes da política externa, das forças armadas, e pelo que entendi, dos serviços secretos”. O ministro responsabilizou depois os norte-americanos por “não ter tomado mais nenhuma ação adicional”, não desmentindo também as exigências que fez a Marco Rubio.
Apesar das justificações do ministro, para concretizar o objetivo de Vladimir Putin de negociar um acordo de paz apenas com os Estados Unidos, do qual a Ucrânia ficaria excluída, esta conversa foi um balde de água fria. No entanto, tendo em conta a dependência de Sergey Lavrov de Vladimir Putin, não terá sido uma escolha deliberada da presidência a adoção de um estilo duro com Marco Rubio?
Ao Guardian, fonte do Kremlin que trabalhou na presidência russa sinalizou que Lavrov “geriu mal” a conversa com o homólogo norte-americano e isso transformou-se numa “trapalhada diplomática”. As exigências intransigentes expostas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros — como a Rússia querer conquistar o Donbass na íntegra e não aceitar parar as hostilidades na linha da frente — foram contraproducentes para as relações entre Moscovo e Washington, que Vladimir Putin deseja que melhorem.
Certo é que Sergey Lavrov não fugiu do seu estilo. Estilo esse que, segundo conta a mesma fonte, está a começar a irritar Putin, uma vez que as circunstâncias se alteraram. Antes, com o antigo Presidente Joe Biden, a animosidade entre a Rússia e os Estados Unidos era bem vista — e o ministro dos Negócios Estrangeiros cumpria perfeitamente a função de provocar a antiga administração. Com Donald Trump, essa abordagem não resulta tão bem. “Putin queria a reunião em Budapeste e não cabia a Lavrov interferir”, declarou a mesma fonte.