A fabricante chinesa GAC apresentou o Aion UT Super, uma nova versão do seu modelo elétrico básico que promete transformar o conceito de mobilidade acessível. O destaque é a troca de bateria em apenas 99 segundos, feita em estações da CATL, a maior produtora mundial de células de bateria automóvel, indicou esta terça-feira a publicação ‘El Economista’.
Durante a Black Friday chinesa (“Double 11”), o veículo estará disponível por cerca de 5.800 euros (45.400 yuans), com um aluguer mensal de bateria a partir de 50 euros, dependendo da quilometragem. Fora das promoções, o preço com bateria incluída é inferior a 11.000 euros, tornando o Aion UT Super um dos carros elétricos mais baratos do mundo.
Troca de bateria recorde e autonomia de 500 km
O Aion UT Super oferece autonomia de 500 quilómetros no ciclo de homologação chinês e pode ser carregado de 30% a 80% em 24 minutos numa tomada convencional. O sistema de troca rápida de bateria — designado EVOGO — substitui a bateria descarregada por uma totalmente carregada em menos de dois minutos, através de um robô automático instalado nas estações da CATL.
A bateria Choco-SEB usada neste modelo tem capacidade de 52 kWh e química NMC, permitindo até 500 km por carga. Existe ainda uma versão LFP, mais económica, com 42 kWh e 400 km de autonomia. De acordo com o ‘El Economista’, a CATL já instalou 800 estações de troca na China e planeia atingir 1.000 até ao final do ano.
Um “carro para todos” com tecnologia de ponta
O novo modelo mede o mesmo que um Ford Fiesta, mas com espaço interior comparável ao de um Ford Focus, graças a uma distância entre eixos de 2,75 metros. O interior segue o estilo “terceiro espaço” popular na China — um ambiente confortável e digital, pensado para ser uma extensão da casa e do trabalho.
O painel central inclui um ecrã de 14,6 polegadas, bancos reclináveis e sistema operativo da Huawei, enquanto a estrutura em aço e alumínio ajuda a reduzir o peso total. O veículo combina assim tecnologia avançada e baixo custo, apoiando a ambição do Governo chinês de criar um “carro nacional elétrico” acessível a todos.
Estratégia chinesa desafia indústria europeia
A iniciativa surge num momento em que a Europa debate novas regulamentações para carros elétricos compactos, que poderão permitir reduções de preço até 15% em modelos como o Renault R4, R5 e Twingo. No entanto, os preços praticados por marcas chinesas como a GAC tornam difícil competir sem uma revisão das normas e incentivos.
O sistema de troca rápida de baterias poderá também ter impacto energético, uma vez que as unidades armazenadas nas estações podem fornecer energia à rede elétrica quando não estão em uso. A CATL estima que a China precisará de 30 mil estações para cobrir a sua futura frota elétrica, um terço do número atual de postos de combustível no país.
O sucesso do Aion UT Super e da rede de troca de baterias demonstra o avanço implacável do ecossistema elétrico chinês, que alia inovação tecnológica, baixo custo e escala industrial — um desafio crescente para a indústria automóvel europeia.