Aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está em Angola como chefe de Estado pela última vez, mas pretende regressar ao país como cidadão. 

“É difícil encontrar um momento tão excelente nas relações entre Angola e
Portugal como este”, afirmou o Presidente da República, citando Carlos
Feijó, ex-ministro de Estado de Angola e antigo aluno de Marcelo Rebelo
de Sousa.

O Presidente da República destacou as boas relações entre Lisboa e Luanda, não obstante a referência ao colonialismo português “agressivo” nas cerimónias da independência.

Marcelo considerou que “faz parte” haver essas referências “quando se está a comemorar a luta pela libertação, pela independência”. 

 Questionado pela RTP sobre uma recente sondagem da Universidade Católica, em que uma maioria de inquiridos em Angola e Cabo Verde entende que Portugal deve um pedido de desculpas pelos séculos de colonização, Marcelo respondeu que as sondagens “valem o que valem” e que essa expressão deve ser respeitada.


Admitiu que a relação entre Portugal e antigas colónias ficou marcada por um período de “crispação” e “tensão” nos anos após o 25 de Abril. “Uma dificuldade de relacionamento que não encontro hoje”, apontou.


Em resposta a uma questão colocada sobre episódios e discursos de discriminação racial em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que há diferentes “sensibilidades” e “perspetivas”. 


Considerou que não existe um “estado de espírito racista” em Portugal quando questionado sobre o caso que envolveu a deputada luso-angolana do PS, Eva Cruzeiro, quando um deputado do Chega lhe disse para “voltar para a sua terra”. 


“Isso faz parte da democracia, que haja pontos de vista que não são necessariamente os maioritários”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, destacando que este tipo de discursos “acompanham uma vaga, uma moda, de outros países”. 


Para o Presidente da República, trata-se de “copiar aquilo que se passa no estrangeiro mesmo quando não tem nada a ver com aquilo que sucede em Portugal”.