sucralose, adoçante artificialA sucralose, um tipo de adoçante artificial comum, pode interferir no tratamento de câncer, diz novo estudo. Flávia Rosso Flávia Rosso 03/08/2025 19:46 4 min

A sucralose é um adoçante artificial feito a partir do açúcar de frutas e vegetais (sacarose), que tem um poder de adoçar até 600 vezes mais que o açúcar comum.

E embora tenha sido considerado seguro para o consumo humano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta global em 2023 sobre as potenciais implicações desse adoçante artificial para a saúde, como inflamação sistêmica e doenças metabólicas. Por exemplo, estudos sugerem que o consumo de sucralose pode levar à disbiose, afetando negativamente a composição da microbiota intestinal.

E um novo estudo publicado na revista Cancer Discovery descobriu que pacientes com melanoma (um tipo de câncer de pele) e câncer de pulmão que consumiram altos níveis de sucralose tiveram uma pior resposta à imunoterapia e menor sobrevivência do que aqueles que consumiam níveis baixos do adoçante artificial. Ou seja, o trabalho sugere que a sucralose pode atenuar os efeitos do tratamento de imunoterapia.

Sucralose diminui resposta da imunoterapia

Para o estudo, os pesquisadores avaliaram o impacto potencial deste adoçante artificial na imunoterapia e acompanharam os resultados do tratamento em 157 pacientes por pelo menos 3 meses. Dos participantes, 91 tinham melanoma avançado, 41 tinham câncer de pulmão avançado e 25 tinham melanoma que foi removido cirurgicamente mas com alta probabilidade de retornar.

E antes de começarem o tratamento de imunoterapia, eles responderam a um questionário que avaliou sua dieta no mês anterior, o qual os pesquisadores usaram para estimar o consumo de sucralose.

A imunoterapia é um tratamento contra o câncer que visa estimular o sistema imunológico do próprio paciente a combater as células cancerígenas. Ou seja, o objetivo é fortalecer a capacidade do corpo de reconhecer e destruir essas células.

De acordo com os resultados, o consumo de mais de 0,16 miligramas de sucralose por quilo de peso corporal por dia foi associado a piores resultados do tratamento.

Os pacientes com melanoma avançado que consumiram menos sucralose viveram em média 5 meses a mais sem progressão do câncer, em comparação com aqueles que consumiram mais sucralose. Para os pacientes com câncer de pulmão, a diferença foi de 11 meses. Em participantes com alto risco de retorno do melanoma, aqueles que consumiram menos sucralose ficaram livres do câncer por 6 meses a mais do que aqueles que consumiram mais sucralose.

A imunoterapia utiliza medicamentos que ajudam o sistema imunológico a identificar e eliminar células cancerígenas.

Também foram realizados experimentos com camundongos com câncer (adenocarcinoma ou melanoma) e observou-se que adicionar sucralose à água durante a imunoterapia favoreceu o crescimento do tumor e reduziu a expectativa de vida dos animais.

Além disso, amostras fecais dos roedores mostraram alterações significativas nos seus microbiomas intestinais, com aumento da atividade nas vias que degradam a arginina, um aminoácido do qual as células imunes (T) dependem para funcionar.

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Isso sugere que a sucralose interfere na imunoterapia, alterando o microbioma intestinal de forma a esgotar a arginina, prejudicando assim a função das células imunes T.

Contudo, ainda não está claro se a sucralose tem o mesmo efeito no microbioma intestinal e na função das células T em seres humanos.

Referências da notícia

Sucralose consumption ablates cancer immunotherapy response through microbiome disruption. 30 de julho, 2025. Morder, et al.

Common artificial sweetener may interfere with cancer treatments. 31 de julho, 2025. Grace Wade.