Histórico dirigente sindical sofreu um acidente há cerca de duas semanas, quando seguia com a mulher entre Setúbal e Lisboa
O antigo secretário-geral da UGT, dirigente político e deputado do Partido Socialista (PS), Torres Couto, está tetraplégico na sequência de um acidente de viação ocorrido há cerca de duas semanas, na autoestrada entre Setúbal e Lisboa.
“Ia na faixa do meio da autoestrada e de repente começou a chover bastante. Quem conduzia era a minha mulher… Nesse preciso momento, um carro entrou em despiste e bateu na nossa traseira. Deslizámos quase 300 metros na autoestrada, a fazer piões, e fomos chocar contra outro carro”, relatou.
O impacto foi violento. O cinto de segurança salvou-lhe a vida, mas deixou-lhe lesões irreversíveis.
“Logo no momento em que batemos, eu senti que foi o cinto de segurança que me prendeu e, ao prender-me, fiquei logo tetraplégico”, explicou.
A primeira preocupação do histórico dirigente sindical foi a mulher, que felizmente saiu ilesa. Mas a consciência da gravidade instalou-se de imediato: “Pensei que a minha mulher teria morrido. Mas eu já não tinha sensibilidade nenhuma do pescoço para baixo. Felizmente vi-a fora do carro, o que me deu tranquilidade. Mas perdi tudo. Só pensei que ia morrer naquele instante.”
Dentro da ambulância, ainda em choque, foi surpreendido pela presença do condutor que provocou o acidente.
“O indivíduo que chocou comigo entrou dentro da ambulância a pedir-me perdão, relatou, sublinhando que a dor física que se seguiu foi devastadora: “São dores completamente descomunais, é como receber 300 ou 400 choques elétricos a cada instante. É uma coisa horrível, horrível, horrível”, contou.
Apesar do sofrimento, Torres Couto garantiu que se mantém firme e pronto para este desafio. “Sim, este é o maior combate da minha vida. Faço tudo o que me pedem para eu melhorar os meus movimentos, com lágrimas, dor”.
O ex-dirigente sindical deixou ainda um alerta sobre a segurança rodoviária em Portugal: “Os portugueses são o único povo da Europa que conduzem da mesma maneira, com muita chuva ou com muito sol. E isso é uma causa. A segunda causa são os telemóveis. O governo tem que fazer uma campanha mais agressiva e tem de haver uma vigilância implacável ao uso dos telemóveis na condução.”