O futuro da Web Summit em Lisboa depois de 2028 está em aberto. A expansão da FIL, onde decorre o evento, está prevista no acordo entre a organização da cimeira tecnológica e o Governo português, que têm contrato até 2028. Mas nunca foi para a frente. “Em 2029 ou ficamos em Lisboa… ou estaremos numa nova situação”, disse Paddy Cosgrave esta quarta-feira em conferência de imprensa.
Questionado sobre o tema da FIL, para que a Web Summit possa acolher mais participantes (o objetivo chegou a ser 100 mil), um plano que existe há vários anos e que nunca chegou a concretizar-se, Paddy Cosgrave revelou que ouviu “um rumor sobre um novo recinto enorme em Lisboa, não vi nada ainda mas isso seria muito entusiasmante”. Mas numa altura em que ainda faltam três anos para terminar o contrato com a capital portuguesa, “talvez daqui a dois anos tenha de discutir isso”, disse apenas. Perante a insistência dos jornalistas após a revelação sobre o “rumor” relativo ao novo espaço para eventos, Cosgrave rejeitou adiantar mais detalhes, dizendo apenas que ouviu a informação num jantar com “um português” em Lisboa.
A habitual conferência de imprensa do fundador da Web Summit ficou marcada pelos comentários de Paddy nos últimos dias sobre o preço dos hotéis em Lisboa durante o evento e sobre a falta de slots para jatos privados. Em resposta às declarações do ministro das Infraestruturas, que acusou “um dos fundadores” da Web Summit de “excesso de linguagem” a propósito da alegada falta de capacidade do aeroporto de Lisboa para receber voos privados durante o evento, Paddy sublinhou apenas que o trabalho de Pinto Luz é “assegurar que a infraestrutura é perfeita, e o meu trabalho é trazer as melhores pessoas do mundo a Lisboa, e no final as melhores pessoas estão cá”.
Paddy Cosgrave foi confrontado ainda sobre as suas palavras sobre o aumento do preço dos hotéis em Lisboa durante a semana do evento. “Eu não estava a comentar os preços, estava apenas a dizer que se aumentam os preços em 500%, e depois queixam-se de que as pessoas não estão a reservar os vossos hotéis…”, insinuou. Relacionou, depois, os preços dos hotéis com os pedidos para slots de aviões privados, que terão aumentado 70% este ano. “Se eu acho que essas pessoas se preocupam com o preço dos hotéis? Não, acho que os hotéis lisboetas podiam aumentar os preços em 10.000% para essas pessoas e eles provavelmente não iriam queixar-se. É uma decisão dos hotéis, mas depois não se queixem“.
Ainda no que toca a Portugal, Paddy não poupou os elogios a Carlos Moedas. Começou por sugerir que Moedas poderia ser um presidente ao estilo “make Lisbon great again” (numa referência ao movimento Make America Great Again de Donald Trump), mas logo se arrependeu. “Acho que não seria boa ideia”. Para Cosgrave, Moedas é um presidente “incrivelmente dedicado à cidade”. “Ontem viu que aqui perto havia um buraco na estrada e hoje já havia um camião a arranjá-lo. Não sei o que isto diz sobre ele”. “Ele sabe muito sobre inovação, foi comissário europeu para a Inovação, conheceu as pessoas mais importantes do setor, e depois tornou-se presidente da Câmara de Lisboa, temos muita sorte, ele é muito proativo, não tem medo de correr riscos”.
Também confrontado sobre os planos para levar a cimeira para a China em 2027 , algo que revelou há um mês no LinkedIn, Paddy Cosgrave disse apenas que “muito possivelmente” esse plano vai acontecer, mas não fez nenhum anúncio oficial, dando a entender que ainda há negociações em curso. Sobre o palco dedicado à China, um evento inédito na Web Summit que teve lugar esta terça-feira, Cosgrave destacou que este esteve sempre “cheio” e que se ouviram “muitas opiniões diferentes” sobre o país, e que esta poderá ser uma iniciativa a repetir no próximo ano “tendo em conta o interesse” demonstrado pelos participantes.
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