Outro encarregado de educação também ouvido pelo Observador admite que, caso a Escola Internacional de Aljezur não reabra, a família irá para a Dinamarca. É natural de Inglaterra, mas a sua mulher é dinamarquesa, pelo que colocam esta opção em cima da mesa.
O casal vive no Algarve há 45 anos e tem dois filhos. Ambos frequentavam a Escola Internacional de Aljezur: o mais novo estava no 7.º ano e já tinha “um grupo de amigos muito próximo”, diz. “São amigos desde os 5/6 anos, mas agora vão ser separados.”
A mais velha, já com 16 anos, está a poucos meses de fazer exames “A Level”. Na Escola Internacional de Aljezur, uma vez que é seguido o currículo de Cambridge, os alunos “estudam para os exames Cambridge IGCSE [Certificado Geral Internacional de Ensino Secundário, na sigla inglesa]”, lê-se no site da instituição, referindo-se a uma “qualificação internacional para alunos do ensino secundário”.
“O prazo geral é que, aos 14 anos, os alunos iniciem um curso de dois anos nas disciplinas de exame escolhidas. Frequentemente, temos alunos que entram nos exames IGCSE mais cedo do que isso e conseguem passar para o nível AS no ano seguinte” e, mais tarde, para a qualificação ‘A Level’”. Os exames “A Level”, segundo Cambridge, “correspondem a um programa de estudos de 2 anos”, ou seja, aos dois últimos anos do ensino secundário, consta no site desta entidade. Por isso mesmo, os resultados que esta aluna de 16 anos tiver vão “influenciar as universidades que depois vai poder frequentar”, explica o pai ao Observador.
Segundo o Ministério da Educação, os estudantes do 6.º ao 9.º ano que sejam matriculados na escola pública “serão colocados, pela idade, nas turmas do Agrupamento de Escolas Professora Piedade Matoso, Aljezur”. No que toca aos alunos de secundário, do 10.º ao 12.º ano, “vai ser aferido em que nível serão colocados, estando os serviços do MECI a acompanhar a situação”.
A avaliação do nível em que estes estudantes serão colocados estará terminada esta terça-feira, garante ainda a tutela: “O processo de correspondência entre o percurso dos alunos [feito segundo o currículo de Cambridge] e o ano de escolaridade correspondente no sistema de ensino português ficará terminado até ao dia 11 do presente mês.”
A estudante pode fazer os exames “A Level” em qualquer centro escolar da região do Barlavento algarvio que tenha licença para tal e que siga o currículo de Cambridge mesmo não tendo aulas atualmente, explica o seu encarregado de educação. Depois disso — e caso a situação não se resolva favoravelmente — a família vai ponderar se se muda ou não para a Dinamarca.
O encarregado de educação diz que não quer que a sua filha viva o mesmo que Gil Lobo, antigo aluno que viu a sua matrícula no Instituto Politécnico de Leiria ser anulada por o seu secundário não ter equivalências. Gil ficou com o percurso académico apagado, e os 85 alunos do 7.º ao 12.º ano que frequentavam a Escola Internacional de Aljezur ficaram sem aulas.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Alexandre, “a Escola de Aljezur esteve durante anos e anos sem cumprir essas regras, violando aquilo que foram as determinações do Ministério da Educação, não cumprindo requisitos que eram determinados e não protegendo as famílias”, disse ao Observador, acrescentando que duas das indicações que ignorou dizem respeito às instalações e ao currículo que era oferecido.
“Há um conjunto de condições que têm que ser respeitadas e sistematicamente não foram cumpridas. Depois há também o currículo internacional desta escola, que nunca foi reconhecido pela Direção-Geral de Educação”, alega o responsável pela pasta, sublinhando que desde pelo menos 2014 que a Escola Internacional de Aljezur regista irregularidades relativamente à sua existência e funcionamento.
Por sua vez, a Escola Internacional de Aljezur garante que esteve sempre a operar legalmente, tendo recebido o código de identificação da escola (com o qual estabelecia protocolos como por exemplo o Desporto Escolar). E garante ainda que apresentou todos os documentos que lhe foram solicitados.