Estamos a poucos dias do confronto entre o Benfica e o Nice. Na próxima terça-feira, no dia 6 de agosto, as águias vão jogar em França e, no dia 12, recebem a equipa francesa no Estádio da Luz, na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Nenhum dos quatro possíveis adversários era fácil: o Fenerbahçe (a cargo de José Mourinho, que os encarnados derrotaram por 3-2 na Eusébio Cup), os checos do Viktoria Plzen, os austríacos do RB Salzburgo e o Nice avizinhavam-se braços de ferro complicados. E foi o Nice, considerado o mais desafiante deste quarteto quarto classificado da Ligue 1, a um ponto do terceiro classificado (Mónaco), que acabou por calhar no sorteio.
Antes de receber o Benfica, o emblema do sul de França está a dar provas do seu talento e imprevisibilidade, o que certamente estará a motivar e a dar confiança ao plantel. Os franceses venceram, na quarta-feira, o Sheffield United, na primeira mão da terceira pré-eliminatória da UEFA Champions League. Mas sem saltos de fé e autoestima elevada, o treinador dos franceses considera o Benfica um adversário, no mínimo, perigoso. «Era a equipa mais complicada do sorteio. É um clube que dominou a Europa e a Liga dos Campeões, uma equipa que está preparada para jogos deste nível todos os anos», disse Franck Haise. «Quando se vê o que o Chelsea fez [no Mundial de Clubes], isso prova o nível do Benfica». Recorde-se que as ‘águias’ só perderam para os londrinos no prolongamento. «Vamos fazer tudo para vencer esta equipa, mesmo que não sejamos tão bons como eles. É um jogo muito importante contra um clube que tem uma grande história europeia», rematou, em declarações aos jornalistas.
Sem adeptos na bancada
Se o jogo já se avizinhava difícil, a proibição de vender bilhetes para a partida também não ajuda a equipa.
O castigo, imposto pela UEFA em abril, foi confirmado pelo Benfica. «Mais se informa que o clube se encontra sob pena suspensa durante dois anos, podendo ser novamente impedido de vender bilhetes aos seus adeptos em jogos fora de casa, caso se registem comportamentos indevidos», informou, na altura, o clube, numa nota.
Em causa estão os acontecimentos de 11 de março, nos quais alguns adeptos das águias decidiram deflagrar artefactos pirotécnicos durante o jogo com o FC Barcelona, no Estádio Lluis Companys. Corria a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, que os catalães venceram por 3-1. Além disso, já no fim da partida, houve confrontos físicos com assistentes do recinto desportivo e adeptos do Benfica. Poucos dias antes, o clube já tinha sido multado em 35 mil euros pelo Comité de Controlo, Ética e Disciplina (CEDB) da UEFA, pelo comportamento inapropriado, no Estádio da Luz, na primeira mão, que o FC Barcelona venceu por 1-0, em 5 de março. Resta agora lidar com as consequências: sem a motivação dos adeptos no estádio, o jogo ficará ainda mais pesado para o plantel português.
Sem fazer exercícios futurologias, o que sabemos é isto: ambos os clubes farão o máximo para conquistar a vitória. Para o Benfica, ganhar a partida significa estar apurado para os play-offs, a derradeira ronda preliminar de acesso à fase de liga da Champions, para a qual só o Sporting está qualificado.
Eleiçõe à vista
Além de épocas de jogos difíceis e, ainda para mais, com as bancadas vazias, o Benfica também parece atravessar, internamente, o início de uma longa tempestade. O clube tem agendado, para o dia 25 de outubro, as suas eleições, na quais se destacam o seguinte quarteto: João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes, Cristóvão Carvalho e Martim Mayer. Mas a campanha já acendeu devido à possibilidade de haver um voto eletrónico, algo que tem de ser aceite por todos os candidatos. E quem rema contra a maré é Noronha Lopes, que está contra este tipo de voto, um tema que esteve em discussão na segunda-feira.
Os candidatos, e respetivos representantes, foram convocados pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral encarnada, José Pereira da Costa, e um dos pontos a discutir era mesmo a viabilização do voto à distância para as eleições de outubro.
«Os nossos estatutos estão muito claros em matéria de voto eletrónico. Por um lado, este só pode ser usado se todas as listas concordarem e, por outro, mesmo que isso aconteça, tem de ser verificado através de comprovativos físicos, que são depositados em urna pelo próprio sócio. Neste momento não existe ainda uma solução técnica que permita isso à distância», explicou Guilherme Fonte, que se fazia representar por Noronha Lopes, aos jornalistas.
Ao ataque
Já a lista de de Cristóvão Carvalho, que estava presente na reunião, não ficou satisfeita com o seu oponente. «A única justificação que eu vejo é uma, não há outra: é um taticismo eleitoral. Todos sabemos que o grande apoio dessa candidatura é junto dos grandes centros, onde existem mais sócios a votar», disse o próprio, também em declarações aos jornalistas. A acusação do advogado não é bem-vista pelos representantes de João Noronha Lopes, que negam a vontade de «excluir os sócios fora de Lisboa». No meio de trocas e acusações, que parecem estar a definir estas eleições, também Martim Mayer reagiu à polémica. Num comunicado, publicada na terça-feira, Martim Mayer critica as polémicas e posturas de alguns candidatos. «Fica claro que, mais do que os interesses do Sport Lisboa e Benfica, as manifestações que foram publicadas nas últimas horas têm apenas fins populistas e eleitoralistas, causando instabilidade gratuita e um mau estar desnecessário», pode ler-se na nota.
Já João Manteigas, numa tentativa de acabar com a polémica do voto eletrónico, anunciou uma proposta para garantir «o exercício do voto físico por parte de todos os sócios sem comprometer a integridade do processo e assegurando a participação democrática de todos, independentemente da localização geográfica». Neste sentido, propõe o «encerramento do recenseamento dos sócios residentes fora de Portugal Continental até meados de setembro» e «envio de 6 boletins de voto a cada um desses associados».
De fora da reunião, e sem nenhum representante, ficou mesmo Rui Costa, o que já lhe valeu de críticas. Cristóvão Carvalho, em declarações à Renascença, lamenta a presença de apenas «dois líderes candidatos» e parte para o ataque: «mostra claramente aquilo que vimos. Uns querem vir trabalhar, outros só querem aparecer em determinados momentos para ter o voto».