Public Health Image Library / CDC

5.100 casos, bebé morreu. 27 anos depois, Canadá perde estatuto. Em Portugal a “moda dos papás” também faz diferença.

O Canadá perdeu o estatuto de país livre de sarampo após registar cerca de 5.100 casos no último ano. A OPAS declarou o Canadá livre de sarampo em 1998.

A Agência de Saúde Pública do Canadá (ASPC) afirmou em comunicado de imprensa que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) confirmou a “transmissão sustentada da mesma estirpe do vírus do sarampo” no país ao longo de mais de um ano.

O país norte-americano, outrora considerado um modelo de campanhas de vacinação, enfrenta desde o início da pandemia um pequeno, mas persistente, movimento antivacinas.

No início de 2025, o Canadá sofreu a sua primeira morte por sarampo das últimas décadas, a de um bebé prematuro.

Os casos têm vindo a aumentar nas províncias de Alberta e Ontário, ambas governadas por partidos conservadores, e entre comunidades religiosas.

Estas duas províncias foram responsáveis por 84% de todos os casos de sarampo no país este ano.

De acordo com dados da Agência de Saúde Pública do Canadá (PHAC), a cobertura da primeira dose da vacina tríplice viral (sarampo, papeira e rubéola – VASPR) desceu de 90% em 2019 para 83% em 2023.

A cobertura da segunda dose desceu de 86% para 76% durante o mesmo período.

A ASPC afirmou que está a “colaborar com a OPAS” e outras organizações “para implementar ações coordenadas com foco na melhoria da cobertura vacinal, no reforço da partilha de dados, na otimização dos esforços gerais de vigilância e no fornecimento de orientações baseadas em provas científicas”.

As autoridades de saúde canadianas acrescentaram que o Canadá poderá voltar a ser considerado um país livre de sarampo assim que a transmissão da estirpe associada ao atual surto for interrompida durante pelo menos 12 meses.

Em Portugal

O sarampo foi considerada doença eliminada em Portugal – já mais do que uma vez – quer pela Direção-Geral da Saúde, quer pela Organização Mundial da Saúde.

Mas a Europa também teve um aumento “alarmante” de casos de sarampo em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Nesse sentido, a Direção Geral da Saúde reiterou o seu apelo para a vacinação, recordando que “o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave em pessoas não-vacinadas”.

Mas o sarampo voltou a Portugal – num caso importado – porque “agora é moda os papás não vacinarem as crianças e dá nisto”, comentava uma profissional de saúde com o ZAP, na altura.

O Programa Nacional de Vacinação – universal gratuito e acessível a todas as pessoas em Portugal – inclui uma vacina contra sarampo, parotidite epidémica e rubéola, logo quando o bebé completa 1 ano. Mas muitos pais recusam aderir à vacinação precoce.

O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto, através de gotículas infecciosas ou por propagação no ar, quando a pessoa infetada tosse ou espirra, e os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Os sintomas da doença aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (que avança da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.


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