O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu um indulto presidencial a Michelino Sunseri, atleta de trail running que tinha sido condenado por utilizar um percurso proibido durante uma tentativa de bater o recorde a subir a Grand Teton, a montanha mais alta da cordilheira Teton, no estado norte-americano de Wyoming, noticiou o New York Times. Este perdão é visto como apolítico e o atleta está “satisfeito” com a decisão.
Sunseri, de 33 anos, completou em 2024 a subida e descida do Grand Teton, com 4.198 metros de altitude, em 2:50.50 horas, num percurso de 21,4 quilómetros com cerca de 2.100 metros de desnível positivo. No entanto, durante a descida, deixou o trilho principal por cerca de dois minutos para evitar um grupo de caminhantes.
A saída, registada pelo seu GPS, violou as regras do Parque Nacional Grand Teton, que proíbem abandonar os percursos marcados para prevenir erosão e danos em áreas ambientalmente sensíveis. Após o desvio ser confirmado, Sunseri admitiu a manobra, tendo sido condenado por contravenção em setembro deste ano.
O caso causou uma grande discussão na comunidade da trail running. A expressão “Free Michelino” tornou-se recorrente e “houve muita atenção mediática sobre este caso”, afirmou o advogado de Sunseri, Michael Poon, acrescentando que acredita que essa exposição “terá chamado a atenção dos responsáveis envolvidos no processo de indultos”.
Antes do indulto, a acusação tinha concordado em retirar o processo caso o atleta completasse 60 horas de serviço comunitário e um curso sobre preservação ambiental, evitando assim a multa de cerca de 4.300 euros e uma potencial proibição de entrar no parque. No entanto, esta segunda-feira, Sunseri anunciou no Facebook que tinha sido surpreendido pelo indulto presidencial.
“Num desfecho inacreditável que nem Hollywood imaginaria, acordei esta manhã com a notícia de que recebi um INDULTO PRESIDENCIAL de Donald J. Trump”, escreveu, partilhando uma cópia da carta assinada.
Sunseri, acrescentou que “este caso foi um enorme desperdício de dinheiro dos contribuintes e de energia governamental desde o início”.
Por seu turno, Michael Poon afirmou à revista Outside que o caso demonstrou problemas na aplicação de regulamentos ambientais. “Não vamos parar de combater regulamentos inconstitucionais que dão a funcionários de baixo escalão dos parques o poder de criminalizar comportamentos inofensivos”, sublinhou.
O advogado do atleta disse, ainda, que “Michelino está satisfeito, claro, mas ninguém espera um indulto. Ele não deveria ter passado por este processo desde o início. Não é um caso que alguma vez devesse ter ido a julgamento”.