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34 fragmentos da famosa pedra que se tornou um símbolo da subjugação escocesa a Inglaterra foram distribuídos por inúmeras pessoas. Uma nova pesquisa descobriu o que aconteceu a vários deles.
Uma nova investigação histórica revelou o notável epílogo de um dos roubos políticos mais ousados da Grã-Bretanha: o furto da Pedra do Destino da Abadia de Westminster em 1950.
A pedra, que é um poderoso símbolo da soberania escocesa, foi roubada por um grupo de estudantes nacionalistas liderados por Ian Hamilton, e acabou por se partir em duas partes durante a fuga. Agora, uma pesquisa da professora Sally Foster publicada na no The Antiquaries Journal, rastreou os fragmentos dispersos da relíquia sagrada, revelando um rasto global de história, política e patriotismo.
A Pedra de Scone, como também é conhecida, era utilizada na coroação dos reis escoceses desde 1249 d.C., antes de ser tomada por Eduardo I de Inglaterra, no século XIII. Foi incorporada na Cadeira da Coroação na Abadia de Westminster, onde eram coroados todos os monarcas ingleses e, mais tarde, britânicos, tornando-se um emblema duradouro da subjugação da Escócia.
No Natal de 1950, Hamilton e os seus colegas removeram a pedra num ato de desafio nacionalista, provocando o primeiro encerramento da fronteira entre a Inglaterra e a Escócia em 400 anos. Mas a vitória durou pouco quando a pedra rachou, obrigando-os a pedir ajuda aos políticos escoceses Bertie Gray e John MacCormick, que providenciaram a sua reparação. Temendo represálias políticas e a iminente morte do Rei Jorge VI, o grupo devolveu secretamente a pedra restaurada em 1951, deixando-a na Abadia de Arbroath para que as autoridades a encontrassem.
Durante a reparação, 34 fragmentos menores desprenderam-se. Gray numerou-os meticulosamente e distribuiu-os por amigos de confiança, jornalistas e aliados políticos, muitas vezes acompanhados de cartas de autenticidade. A investigação de Foster baseia-se em registos de arquivo e entrevistas para rastrear muitas destas peças, embora várias ainda estejam desaparecidas, explica o IFLScience.
Entre as relíquias redescobertas está um fragmento transformado num broche de prata que Hamilton ofereceu à sua mulher. Outro foi oferecido por Gray a uma turista australiana na sua missão para ter pedaços da pedra em todos os continentes, mas este fragmento foi posteriormente dado pela família da turista ao Museu de Queensland. Outro pedaço foi incorporado na carruagem da coroação do Rei Carlos III em 2023, colocado sob o assento real.
A pedra principal foi oficialmente devolvida à Escócia em 1996 e repousa agora no Castelo de Edimburgo, embora ainda seja levada para Londres para as coroações.
Foster promete continuar a sua busca para localizar os restantes fragmentos: “Muitas pessoas apresentaram-se com histórias familiares credíveis, mas ainda há muitas lacunas a preencher”.