O preço de ser um ator muito famoso em todo o mundo e trocar a família pelo estrelato é o foco do novo filme protagonizado por George Clooney, que interpreta o personagem principal em “Jay Kelly”, em estreia hoje nos cinemas norte-americanos.
A fama do ator que dá nome ao filme é similar à de George Clooney na vida real, mas o veterano de Hollywood não viu mais nenhum paralelo entre eles, segundo disse numa conferência de imprensa em Los Angeles em que a Lusa participou.
“As pessoas dizem-me que é como fazer o papel de mim próprio, mas eu não tenho os arrependimentos que este tipo tem”, afirmou Clooney. “Os meus filhos ainda gostam de mim”, apontou, referenciando um dos principais desgostos de Jay Kelly no filme: a dificuldade de conexão com as filhas, para as quais foi um pai ausente por causa do trabalho como ator.
“Tenho uma vida muito diferente deste tipo, por isso não me identifico com ele”, salientou, considerando que o personagem é um idiota. “A única coisa que me preocupou durante todo o processo foi: será que consigo torná-lo simpático ao fazer tudo isto?”
Com argumento e realização de Noah Baumbach para a Netflix, “Jay Kelly” examina o significado de ser uma superestrela em detrimento de ser um bom pai, bom amigo e até bom patrão.
O realizador explicou que, quando começou a escrever o filme com Emily Mortimer, a intenção era explorar o que acontece quando uma pessoa chega a um certo ponto da sua vida e reflete sobre a sua mortalidade.
“Todos nós, quando somos jovens, achamos que temos todo o tempo do mundo e fazemos escolhas com uma negociação inconsciente de que faremos outras coisas mais tarde e haverá tempo”, descreveu Baumbach na conferência.
“Este filme é sobre o momento em que descobrirmos algo que é ao mesmo tempo óbvio e chocante, a consciência de que este é o único tempo que temos para fazer isto”, acrescentou. O que Jay Kelly se apercebe é que não terá outra oportunidade de fazer escolhas e esta é a sua vida, quer queira quer não.
Mais que um tributo ao mundo do cinema, Baumbach quis examinar os aspetos emocionais e psicológicos de confrontar a mortalidade.
Esse questionamento não acontece apenas com Jay Kelly, mas também com o seu agente Ron Sukenick (Adam Sandler) e a assessora Liz (Laura Dern), que se perguntam se fizeram as escolhas certas ao dedicarem a sua vida ao ator.
“É por isso, em parte, que o filme se chama ‘Jay Kelly’, porque toda a gente gira em torno desta figura”, salientou Baumbach.
O estilo que Laura Dern deu a Liz incluiu uma homenagem à sua própria assessora, Anett Wolf, que também anda sempre com um lenço Hermès atado à mala.
“Estas pessoas são como família e mentores, têm de ser insuportavelmente pacientes”, descreveu Laura Dern. “Acho que vi o outro lado de como é andar atrás de mim”.
Adam Sandler referenciou igualmente a curiosidade de estar do outro lado daquilo que interpreta no filme. “A minha fala favorita no filme é quando digo ‘Tu és o Jay Kelly, mas eu também sou Jay Kelly”, lembrou. “Creio que as nossas equipas sentem o mesmo”.
“Jay Kelly” estreia-se hoje nos cinemas norte-americanos e chegará ao serviço do Netflix em todo o mundo a 05 de dezembro.
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