Teve de esperar alguns segundos para receber um aplauso dos poucos milhares de participantes que ainda restavam na Web Summit na tarde desta quinta-feira. Quando subiu ao palco principal para a penúltima sessão do evento, o ministro da Economia trouxe os habituais apelos aos empreendedores, para que invistam e “venham viver” para Portugal. Antes, Manuel Castro Almeida contou a história de um “jovem príncipe rebelde e empreendedor” chamado Afonso Henriques.

“Ele tinha talento, teve ambição, teve um projeto, teve uma visão clara do futuro. Tinha 34 anos quando criou um estado soberano, Portugal. O nosso primeiro rei foi também o nosso primeiro empreendedor”, começou Castro Almeida, dirigindo-se em inglês aos empreendedores internacionais, que responderam com mais um aplauso tímido. “Oito séculos depois ainda estamos aqui”. Castro Almeida prosseguiu a contar que Portugal “liderou a grande aventura das descobertas marítimas”. “Nos séculos XV e XVI, os nossos navegadores lideraram a globalização. Estes homens também foram, no seu tempo, empreendedores. Agora é tempo de perguntar: onde é que estas ideias podem ser implementadas?”. A resposta? “Aqui, em Portugal”, com novos empregos.

O ministro da Economia falou de um país “em transformação”, que é “um grande país”. “Em dimensão podemos ser pequenos, mas o nosso mar é enorme”. Sublinhou que em Portugal os investimentos encontram “estabilidade” e um ambiente económico “forte”. “É um país onde podem trabalhar com motivação, com prazer, onde o talento é celebrado, o mérito é reconhecido e o risco é compreendido” e onde “o Governo não controla a inovação mas impulsiona a inovação”.

Os investimentos da Start Campus e da Microsoft em Sines voltaram a ser lembrados por Castro Almeida, como exemplo da “posição relevante de Portugal na IA”. O ministro também reforçou a intenção do Governo em trazer para Portugal uma das gigafábricas que a Comissão Europeia vai apoiar.

Sublinhou que a inovação em Portugal “não é um privilégio de grandes cidades”, e que “é possível viver em segurança e liberdade” no país, “com história e natureza, com sol e mar”.

O ministro despediu-se dos empreendedores com um convite: “Invistam em Portugal, inovem em Portugal, trabalhem com Portugal. Aqui vão encontrar estabilidade, talento e oportunidades. Portugal tem um passado rico e terá certamente um futuro brilhante. Aqui vão ser sempre bem vindos. Voltem a Portugal, voltem a um futuro novo”.

Antes de subir ao palco principal para uma das últimas intervenções na Web Summit 2025, Castro Almeida visitou, nos pavilhões da FIL, os stands da Startup Portugal e do Banco Português de Fomento. Em declarações aos jornalistas, o ministro realçou que esta “é uma semana muito importante para a economia do país e para os empreendedores portugueses”. Em linha com o que têm sido as declarações dos governantes na Web Summit, também Castro Almeida disse que este é o momento para Portugal “afirmar que está na linha na frente da IA e que tem vontade de estar cada vez mais próximo da frente”.

“Portugal é um país antigo, com uma grande história, mas tem um grande futuro e uma grande ambição. E o futuro vai passar muito pela IA. E Lisboa está transformada no centro do mundo da IA. Toda a gente que conta está cá”, sublinhou. O ministro acredita que “não tem de haver uma escolha entre apostar na tecnologia ou nas empresas tradicionais”. Ao invés, as devem as empresas tradicionais usar “o máximo de tecnologia para melhorarem a sua produtividade para no final pagarmos melhores salários”.

Castro Almeida adiantou que o Governo está a trabalhar com o IAPMEI para lançar um programa de “grande divulgação de IA junto das PME”, em que a CIP também participará. O objetivo é chegar “ao maior número possível de PME para acelerar este processo”.

Sobre a continuação da Web Summit em Lisboa após 2028, ano em que termina o contrato, o ministro da Economia disse apenas que “o tempo próprio para avaliar isso é mais para a frente”.

Castro Almeida foi ainda questionado sobre a greve geral convocada para 11 de dezembro, mas remeteu essas perguntas para o primeiro-ministro e para a ministra do Trabalho. “Eles sabem tudo sobre essa matéria”.