Maxim Shipenkov / EPA

Apresentação e queda de um robô humanoide russo
O AIdol entrou em palco a cambalear, parecendo um idoso à procura de uma casa de banho pública. Depois de acenar timidamente, deu alguns poucos passos — e acabou por se estatelar no chão.
Vergonha alheia: a Rússia apresentou o seu primeiro robô humanoide autónomo, numa tentativa de rivalizar com gigantes norte-americanos como a Tesla.
Contudo, a julgar pela primeira apresentação pública da máquina, que caiu de cara ao chão após dar apenas alguns passos em palco, a Rússia ainda tem muito caminho a percorrer para alcançar a concorrência — de preferência com passos mais seguros do que os que o seu robô deu.
De acordo com o seu site oficial, o robô AIdol, acrónimo do laboratório fabricante, Artificial Intelligence Dynamic Organism Lab, consegue operar autonomamente durante seis horas graças à sua bateria de 48 volts, deslocar-se a velocidades de até 6 km/h, trabalhar tanto online como offline, e transportar até 10 kg.
O AIdol está equipado com 19 servomotores que lhe permitem mostrar mais de uma dúzia de emoções básicas e centenas de micro-expressões. Tem pele de silicone, para imitar as expressões faciais humanas, e alegadamente, diz o Techspot, recorre também à Inteligência Artificial.
A estreia pública do AIdol aconteceu a 10 de novembro, em Moscovo, onde foi apresentado como exemplo de um robô humanoide construído maioritariamente com componentes fabricados na Rússia.
Ao som do tema de Rocky, o AIdol entrou em palco a cambalear, parecendo um idoso à procura de uma casa de banho pública. Depois de acenar timidamente, o robô avançou de forma desajeitada e acabou por se estatelar no chão.
Nesse mesmo instante, dois funcionários arrastaram-no para fora do palco, enquanto outro puxava desesperadamente a cortina do palco para ocultar o desgraçado humanóide — como se o próprio Putin estivesse na plateia.
A maior parte das pessoas consideraria esta demonstração embaraçosa para um robô semi-autónomo, supostamente capaz de se mover no espaço, transportar objetos e comunicar – ainda para mais quando o Atlas, da Boston Dynamics, anda a fazer parkour e saltos mortais para trás há quase oito anos.
No entanto, Vladimir Vitukhin, o CEO da AIdol, , encarou o episódio com otimismo, e descreveu o incidente como um “treino em tempo real”.
“Os erros bem-sucedidos transformam-se em conhecimento e os erros falhados em experiência”, sublinhou o CEO da tecnológica sediada no Dubai, acrescentando que a próxima versão do robô antropomórfico será melhor.
A empresa justificou a queda com questões de calibragem e frisou que o robô ainda se encontra em fase de testes.
Já o Kremlin não deve ter ficado propriamente satisfeito com a atenção mediática global do incidente, sobretudo quando 77% dos componentes do robô são russos – um valor que o fabricante quer aumentar para 93%.
Com todas as sanções impostas ao país, a Rússia tem apostado na tecnologia nacional, mas os resultados têm sido até agora pouco animadores. O desenvolvimento da robótica doméstica russa, em particular, ficou para trás depois de Vladimir Putin ter lançado a sua invasão em grande escala à Ucrânia.
O sector dependia anteriormente de fabricantes estrangeiros, mas todos se retiraram do país quando começou a guerra, levando as autoridades a debater formas de impulsionar o progresso num sector global cada vez mais relevante, nota o The Telegraph.
Em 2023, foram instalados apenas 2.100 complexos robóticos na Rússia, em comparação com 25.000 na Alemanha e 300.000 na China, segundo um relatório citado pelo jornal britânico.
As sanções que afetam cadeias de abastecimento críticas, a fuga de cérebros de alguns dos melhores fabricantes após a invasão em grande escala, e problemas estruturais como o baixo nível de inovação, contribuíram todos para o estrangulamento do sector.
Em julho, Vladimir Putin afirmou que a “implementação da robótica na economia e na indústria da Rússia é uma das áreas mais importantes”, mas descreveu o seu desenvolvimento como “lamentavelmente baixo até agora”.