Portugal continental registou, entre as 14h de quarta-feira e as 11h desta sexta-feira, um total de 2434 ocorrências relacionadas com a situação meteorológica adversa, sobretudo inundações, que provocaram duas mortes em Fernão Ferro, no Seixal, e 32 pessoas deslocadas, revelou a Protecção Civil.

Os 32 cidadãos deslocados residem nos concelhos de Abrantes e Salvaterra de Magos (Santarém), Seixal (Setúbal) e Pombal (Leiria).

A Península de Setúbal, com 577 ocorrências, a Grande Lisboa, com 265, e o Algarve, com 251, são as sub-regiões mais afectadas, segundo números da Protecção Civil.

A maioria das ocorrências está relacionada com inundações, com um total de 1357 situações, seguindo-se queda de árvores (422), limpeza de vias (264), queda de estruturas (182) e movimentos de massa (171). Na resposta a estas ocorrências estiveram empenhados 7682 operacionais, apoiados por 2947 veículos.

Em Azeitão, no município de Setúbal, um deslizamento de terras destruiu esta sexta-feira cerca de 20 metros da Rua da Mata e atingiu o sistema de fornecimento de energia do hospital local.

“Houve um deslizamento de um talude que levou parte da estrada, cortou os cabos eléctricos que abastecem o Hospital de Nossa Senhora da Arrábida e alguns furos de captação de água”, disse à Lusa o coordenador da Protecção Civil Municipal de Setúbal, José Luís Bucho. Ainda não há previsão para o início ou conclusão dos trabalhos de reparação da estrada, que serve uma unidade industrial de reciclagem de óleos.

O deslizamento terá sido originado pela “acumulação de água numa vala que não foi limpa devido à chuva intensa dos últimos dias”. “Ainda há algumas dúvidas sobre a responsabilidade da limpeza da vala, se pertence a um particular ou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), mas tudo indica que pertence à APA”, acrescentou a mesma fonte.

O responsável salientou, no entanto, que a falha de energia no hospital e nos furos de captação de água foi rapidamente resolvida pela E-Redes, que “disponibilizou de imediato gerados para o fornecimento de energia ao hospital”.

No Algarve, a cidade de Faro também voltou, ao final da manhã desta sexta, a ser atingida por um fenómeno de vento extremo que causou quedas de árvores e de estruturas móveis, mas sem causar vítimas. Na quinta-feira, o sotavento algarvio foi das zonas mais atingidas pela depressão Cláudia.

Protecção Civil deixa recomendações

Em comunicado, a Protecção Civil reforçou que o impacto dos efeitos do mau tempo pode ser minimizado através de comportamentos preventivos adequados, em particular nas zonas historicamente mais vulneráveis, com a adopção de medidas como a desobstrução dos sistemas de escoamento de águas pluviais. É desaconselhada a circulação e permanência em áreas arborizadas, devido ao perigo de queda de troncos e árvores, e junto à orla costeira e zonas ribeirinhas.

Na estrada, uma condução defensiva passa pela redução da velocidade, com especial atenção à formação de lençóis de água. Quer esteja de carro ou a pé, não deve atravessar zonas inundadas, prevenindo o risco de arrastamento de pessoas ou veículos.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vai voltar a colocar sob aviso laranja três distritos de Portugal continental — Faro, Beja e Setúbal — entre as 9h e as 15h de sábado, devido à previsão de “precipitação persistente, por vezes forte e acompanhada de trovoada”. Durante este período, estará também em vigor para os três distritos o aviso amarelo de vento forte, com rajadas que podem alcançar 80 quilómetros por hora.

O aviso laranja é emitido pelo IPMA sempre que existe “situação meteorológica de risco moderado a elevado, e o amarelo, quando há uma situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.

Todos os distritos do continente permanecem pelo menos até às 21h desta sexta-feira sob aviso amarelo devido à precipitação e, a partir da meia-noite e até às 18h de sábado, toda a zona costeira estará sob aviso amarelo devido à agitação marítima.

No arquipélago da Madeira, o IPMA prevê um agravamento do estado do tempo até domingo, dia 16, em especial na costa Sul e zonas montanhosas, devido à passagem da depressão Cláudia.

Circulação na Linha da Beira Baixa reposta

A circulação ferroviária na Linha da Beira Baixa, que esteve interrompida entre a Covilhã e o Tortosendo, no distrito de Castelo Branco, após descarrilamento na quinta-feira, foi retomada às 6h40 desta sexta-feira, segundo a CP.

Este troço, do concelho da Covilhã, foi interrompido às 12h49 de quinta-feira devido ao descarrilamento de um comboio que ia sem passageiros, só com tripulação, e que não causou feridos, segundo informação prestada à Lusa na quinta-feira pela Infra-estruturas de Portugal (IP).

Segundo a CP – Comboios de Portugal, foi assegurado o transbordo rodoviário entre o Fundão (Covilhã) e a Guarda para os passageiros afectados pela interrupção da circulação de comboios entre a Covilhã e Tortosendo.

Na quinta-feira o mau tempo causou ainda perturbações na Linha do Norte, entre o Entroncamento e Riachos (Torres Novas); na Linha do Oeste, entre o Louriçal (Pombal) e Amieira (Soure); na Linha da Beira Alta, em Contenças (Mangualde); e na Linha do Alentejo, entre o Pinhal Novo e Poceirão (Palmela).