Rui Minderico / LUSA

Casa em Fernão Ferro onde um casal morreu devido às chuvas fortes
As duas vítimas mortais do mau tempo tinham 88 anos. Estavam numa casa que seria demolida. Família não dá o caso como encerrado.
Foi o desfecho mais trágico das horas complicadas que Portugal atravessou nesta quinta-feira, por causa da depressão Claudia: duas pessoas morreram em Fernão Ferro.
O casal era de idosos e estava em casa. Os dois tinham 88 anos e estariam a dormir quando foram surpreendidos pela subida do nível da água; não conseguiram escapar, ficaram encurralados. A mulher tinha um botão de pânico mas não terão conseguido accionar.
Segundo o comandante dos Bombeiros Mistos do Seixal, os operacionais entraram na casa inundada já “com a água pelo peito”.
“Quando o nosso pessoal entrou, encontrámos os corpos de ambos a boiar”, descreveu José Mendes, aos jornalistas. Quando tiraram as vítimas do interior, ainda tentaram de imediato manobras de reanimação, mas nada resultou.
A família garante à RTP que o quintal da casa tinha escoamento. Os vizinhos – que chamaram os bombeiros antes das 9h da manhã – alegam que as ruas à volta não têm o escoamento necessário.
Mas há uma questão à volta da casa: era uma construção ilegal. “Como estão tantas outras aqui da região”, indicou Joaquim Tavares, vereador da Protecção Civil da Câmara Municipal do Seixal.
O casal vivia numa habitação situada no Pinhal de General – uma casa que foi construída numa Área Urbana de Génese Ilegal junto a uma linha de água.
Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal, disse à agência Lusa que a casa foi “construída clandestinamente, sem qualquer licenciamento camarário, no âmbito do loteamento clandestino do Pinhal do General, que começou nos anos 70”.
O processo para a construção das infraestruturas e regularização das linhas de água está em curso, informou o autarca.
A CMTV informa que a casa ia ser demolida para ser transformada num espaço verde; os lares esperavam por uma vaga num lar. O vereador disse aos jornalistas que não conhece o processo, por isso não sabe se a casa seria demolida.
Os familiares do casal falecido asseguram que todos os impostos da casa eram pagos. A CMTV indica que a família quer levar o caso para os tribunais.