O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou este sábado a importância da “herança islâmica” em Portugal, considerando que o país foi grande ao longo da história sempre que respeitou o espírito ecuménico, e pequeno quando não o fez.
O chefe de Estado discursou este sábado na sessão solene comemorativa dos 40 anos da Mesquita Central de Lisboa, na qual esteve presente também a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, bem como membros de diversas crenças religiosas. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a “abertura do Islão a diferentes religiões” e citou passagens do Corão para o demonstrar.
“Esta noção de que a todos chegam as dádivas do senhor, independentemente das suas crenças, é uma mensagem de ecumenismo, e consequentemente de abertura ao outro, de diálogo, de aceitação da diferença, presentes no livro sagrado do Islão. Esta evocação, hoje reafirmada, representa um tributo ao espírito ecuménico existente em Portugal”, afirmou.
Para o Presidente da República, sempre que este espírito ecuménico foi respeitado ao longo da história, “fez de Portugal grande”. “E quando não foi respeitado, fez de Portugal pequeno”, contrapôs, considerando que este espírito está “ancorado na liberdade religiosa, inscrita na Constituição”.
Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou a “herança islâmica” em Portugal, que considerou ser “muito rica, fruto de uma presença árabe de mais de quatro séculos no território do que é hoje Portugal”.
“Uma herança que permanece até hoje na nossa cultura e na nossa língua, com mais de dois mil vocábulos originários do árabe. Uma herança genética e ainda uma herança conceptual de teologia e ciência, de harmonia e complementaridade entre ciência e fé, com origem no preceito islâmico”, apontou.
O Presidente da República terminou a sua intervenção com um cumprimento islâmico, falando em árabe, que depois repetiu em português: “que a paz e a bênção de Deus estejam convosco”.
“Desta Mesquita Central a Odivelas e à Mouraria, de Palmela a Famões, a Coimbra e ao Porto, do Algarve à Madeira e aos Açores, sois todos, somos todos portugueses. Fazemos parte de Portugal e enriquecemos Portugal. Com altos e baixos como todas as histórias, mas sempre presente a vossa herança, e quando aparentemente desaparecida, reavivada ou renascida”, disse.