Num piso vazio e silencioso do Museu Nacional de Arte Antiga, as luzes e a movimentação por detrás do vidro, ao fundo, chamam a atenção. Debruçadas sobre um enorme painel, as duas conservadoras-restauradoras trabalham. Encostadas à parede estão as das seis pinturas atribuídas a Nuno Gonçalves e que formam os Painéis de São Vicente, uma das obras mais icónicas da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga, que se encontra fechado para obras ligadas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) desde 29 de setembro.

“Estou a retificar estas massas, que são massas de preenchimento que foram colocadas em zonas de lacuna, portanto, onde não existe camada pictórica e pinturas, onde há falta de material”, explica Glória Nascimento. Apontando para o painel, a conservadora-restauradora explica que numa intervenção passada, colocaram uma massa e “houve a necessidade de nivelar. É o que estou a fazer agora. Em simultâneo com outros trabalhos, como, por exemplo, a aplicação de novas massas e de bases de cor”. “Como vê, aqui é uma cor amarela”, diz Glória Nascimento enquanto aponta para a pintura em cima da mesa.