Luís Marques Mendes afirma que quer ser um “Presidente da República independente, isento e essencial”. Em entrevista à CNN Portugal, este sábado, frisou que não pretende ser “nem avalista nem opositor do Governo”.

“Serei sempre relativamente aos governos isto: independente, colaborante para poder ser útil ao país”, disse, dizendo que entregou o cartão de militante do PSD “como gesto simbólico”. E frisou que pretende ser “muito exigente e firme na obtenção de resultados”. “Não vou pedir cabeças de ministros, isso não é o papel do Presidente, mas vou ser exigente.”

Falou na esperança de “ajudar a que Governo e oposição façam convergências, estabeleçam pontes de entendimento”. Marques Mendes declarou que é isso que se pretende em Belém, “alguém que possa fazer consensos”. “Não serei nem avalista nem opositor do Governo, tentarei ser fiel da balança.”

Também afastou comparações com Marcelo Rebelo de Sousa, de quem é amigo “há mais de 20 anos”. Rejeitou ser “filho político” ou igual ao atual Presidente. “Nunca renego os amigos como nunca renego convicções ou passado político”, disse. “Agora filho político isso nem pensar.”

“Somos muito diferentes”, declarou. “Ele tem uma brilhante carreira académica, eu não tenho, nunca segui pela academia. Marcelo Rebelo de Sousa, ao contrário de mim, tem poucos anos de experiência governativa, eu tenho uma experiência governativa enorme, com 13 anos de Governo”, disse.

Também salientou outra diferença: “o uso da palavra”. “Marcelo Rebelo de Sousa é muito intenso no uso da palavra, eu sou conhecido por ser uma pessoa contida no uso da palavra, não gosto de banalizar a palavra, sempre fui assim”, acrescentou.

Declarou que pretende ser um Presidente “genuíno, autêntico, não ser postiço, não ser artificial”. Questionado sobre se considera que há candidatos “postiços”, desviou a pergunta. “Essa parte adorava comentar se ainda estivesse na função de comentador”, gracejou. “E acho que teria boas audiências.”

Falou, porém, sobre alguns dos candidatos a Belém ao longo da entrevista. Afirmou, por exemplo, que “Gouveia e Melo tem todo o direito a candidatar-se”. “Nunca disse que Gouveia e Melo, por ser militar, não se podia candidatar. Nunca disse isso. A única coisa que exprimi, digamos assim, foi a minha diferença em relação a Gouveia e Melo na experiência política.”

Também falou sobre André Ventura, criticando as declarações do candidato do Chega sobre Angola. “Afirmações dessas são a prova provada de que André Ventura nem quer ser presidente da República nem nunca na vida vai ser Presidente. Um Presidente tem de ter outro nível, outro sentido de responsabilidade.” Referindo que “alguém que quer ser Presidente da República não se mete na política interna de um país estrangeiro”, Luís Marques Mendes afirmou que “os portugueses nunca vão aceitar um Presidente da República que não tem nível”.

A entrevista abordou também o tema da imigração, tema que é “uma das questões importantes em Portugal e fora de Portugal”. O candidato a Belém afirmou que prefere “ver os imigrantes como oportunidade”, enquanto “há quem diga que são o problema”.

“Precisamos de imigrantes para a nossa economia, precisamos de imigrantes. Basta falar com empresas, instituições sociais. Estamos a perder população pelo saldo natural, se não fossem os imigrantes já não teríamos 10 milhões [de habitantes].”

Lembrou que os imigrantes “ajudam à solidez e sustentabilidade da Segurança Social”. “É uma oportunidade que tem de ser regulada? Sim, não há hipótese de entrarem todos”. Referiu que “é oportunidade que tem de ser conjugada com integração”.

Também deixou uma palavra crítica a alguns discursos sobre o tema. “Aquilo que não aprecio são os discursos sobre esta matéria. Não gosto de um discurso desumano, não gosto de um discurso humilhante para os imigrantes, não gosto de um discurso que não tenha equilíbrio”. Marques Mendes disse que “as pessoas podem discordar das políticas mas não têm direito a tratar os imigrantes como números ou objetos”.