Adultos com 50 anos ou mais que apresentam doenças crônicas têm uma maior exposição a complicações sérias provocadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e pelo Herpes Zoster. Condições preexistentes como Diabetes e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) comprometem a capacidade de defesa do organismo contra agentes infecciosos, resultando em um aumento da probabilidade de hospitalizações prolongadas e óbitos.
O sistema imunológico de indivíduos a partir dos 50 anos de idade passa por um enfraquecimento progressivo, um processo denominado imunossenescência. Esta alteração natural diminui gradualmente a capacidade de resposta contra agentes infecciosos. Quando essa alteração se associa a comorbidades como diabetes, DPOC, asma, insuficiência cardíaca e outras doenças cardiovasculares, estabelece-se um cenário de alto risco para o agravamento de infecções. Nessa situação, a combinação do envelhecimento com as doenças crônicas aumenta a probabilidade de complicações severas, como aquelas causadas pelo VSR e pelo Herpes Zoster.
Estudos indicam que portadores de DPOC com 65 anos ou mais podem ter uma probabilidade de hospitalização por VSR aumentada em até 13 vezes. A DPOC afeta 210 milhões de pessoas globalmente e é classificada como a quinta principal causa de morte no Brasil. De forma semelhante, pessoas com 65 anos ou mais que vivem com diabetes (condição que atinge mais de 13 milhões de brasileiros) apresentam um risco de hospitalização por VSR até 6,4 vezes maior.
A infecção pelo VSR pode atuar como um fator de desequilíbrio, desencadeando o agravamento de doenças crônicas, mesmo quando estas estão sob controle clínico. Uma análise retrospectiva de 10 anos no Brasil (2013 a 2023) demonstrou que idosos com comorbidades infectados pelo VSR registraram taxas elevadas de admissão em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e de letalidade. A taxa média de letalidade foi de 25,9%, e 71,5% dos casos analisados apresentavam pelo menos uma doença crônica. As doenças cardiovasculares foram as mais prevalentes (64,2%), seguidas por diabetes (32%) e doenças pulmonares (26,5%).
O alerta de vulnerabilidade se estende ao Herpes Zoster, popularmente conhecido como “cobreiro”. Esta condição resulta da reativação do vírus Varicela-Zoster, o mesmo agente causador da catapora, que permanece inativo no sistema nervoso. O vírus pode reaparecer de forma imprevisível anos após a infecção inicial, afetando particularmente adultos com idade mais avançada ou aqueles com comprometimento imunológico, como é o caso de indivíduos com doenças crônicas.
O Herpes Zoster frequentemente causa dor intensa e de longa duração, impactando a qualidade de vida. A principal complicação associada é a Neuralgia Pós-Herpética, uma dor de caráter crônico que pode persistir por mais de 90 dias após a resolução das lesões cutâneas, podendo durar anos.
Considerando a proximidade de datas como o Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro) e o Dia Mundial da DPOC (19 de novembro), especialistas reforçam a necessidade de ações de conscientização e prevenção direcionadas a este grupo populacional. A geriatra e clínica geral Maisa Kairalla, membro de importantes entidades de saúde, salienta que o envelhecimento natural e a presença de doenças crônicas enfraquecem as defesas do organismo, proporcionando uma maior incidência de infecções respiratórias virais graves (incluindo o VSR) e de Herpes Zoster. A médica reforça que essas doenças são passíveis de prevenção por vacinação.