Foi durante uma aula de dança flamenca, quando tinha 10 anos, que Ludmila Dayer acabou descoberta pela produtora de elenco do filme “Carlota Joaquina, princesa do Brazil” (1995), Bianca De Felippes. Três décadas depois, a atriz tem a oportunidade de rever (e de certa forma reviver) aquele trabalho marcante. Tudo por conta da versão remasterizada em 4K do longa, que chegará aos cinemas no dia 14 de agosto. Morando há 20 anos nos Estados Unidos, ela voltou ao país especialmente para cumprir uma agenda de divulgação do relançamento. A pré-estreia no Rio acontecerá nesta segunda (4). Depois, virão as cidades de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Salvador.
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— A Bianca foi a uma academia atrás de uma menina que fizesse dança flamenca. Assim que me viu, falou para a Carla (Camurati, diretora): “Achei”. Eu amei, entrei de cabeça. Tive aulas particulares de inglês e espanhol (a personagem aparecia falando três línguas). Até hoje lembro todas as falas. Tudo aconteceu de forma muito orgânica. Fiquei emocionada quando soube que ia voltar aos cinemas, porque foi um trabalho que mudou minha vida. Não imaginava que seria atriz. A carreira me escolheu aos 10 anos. Sempre me senti confortável naquele ambiente — lembra.
Ludmila, hoje com 42 anos, ainda guarda a recordação especial de uma das sequências da história:
— Tem uma cena em que a Carlota se despede do avô porque está indo para o Brasil se casar com Dom João VI. Fiquei emocionada porque me lembrei do meu avô. Doeu mesmo imaginar que Carlota estaria se despedindo do avô dela. Eu era apegada ao meu.
Depois de “Carlota”, Ludmila fez outros filmes, como “Traição”, e chegou à TV em 1996, em “Xica da silva”, da Manchete. Mas em 2000, com “Malhação“, é que veio o boom da carreira, no papel de Joana. Outra personagem de grande repercussão foi Daniele, de “Senhora do destino“, em 2004. Pouco depois, a atriz decidiu viver no exterior:
— O meu desenvolvimento como ser humano realmente aconteceu só quando eu fui para os EUA. Aqui eu levava o trabalho tão a sério, vejo como era caxias desde pequenininha. Eu tinha muita disciplina. Geralmente eu estava tão dentro das personagens que não olhava para a Ludmila como pessoa. Eu estava mais preocupada em ser exemplar, em entregar. Quando fui para lá, foi quase como um grito de desespero, de que eu precisava colocar minhas personagens para descansar para ouvir a Ludmila pela primeira vez. Entender tudo o que eu era, o que queria e do que gostava. Muito do que eu estava projetando era expectativa das pessoas em relação a mim. Elas acompanham desde criança e traçam expectativas para você. Eu era um recorte de todas essas expectativas e impressões sobre mim. Uma das minhas vontades de sair completamente foi por conta disso. Comecei a sentir a necessidade de me descobrir. Na época não tinha rede social nem smartphone. Parece que peguei uma caravela e fui (risos). Ninguém sabia de mim, podia viver uma vida completamente anônima. Foi a melhor coisa que fiz. Pude me conectar com esse outro lado. Senão seria uma pessoa capenga, o outro lado iria ficar complicado e poderia me trazer problemas no futuro.
Vivendo em Los Angeles, Ludmila abriu a Lupi Productions em 2014. O próximo projeto da produtora é um filme: um thriller psicológico. Ela escreve o roteiro e estreará na direção de uma produção de ficção. Ainda poderá assumir uma outra função, esta já bastante familiar:
— Parte da equipe fala que eu tenho que atuar, mas eu não tinha pensado nisso. Só vou atuar no meu próprio filme se tiver total segurança de que isso agregaria. Eu jamais vou correr o risco de sacrificar o projeto por um interesse pessoal. Quero que ele seja o melhor possível. Se for para ser, a personagem vai me dar o aviso. Eu já me realizei como atriz, não tenho essa vaidade. “Carlota” me fez olhar novamente para a atuação. Pela primeira vez, me sinto mais aberta a falar: “OK, posso voltar a atuar, sim”. Lá atrás eu falava “não” com muita convicção. Recebi vários convites, as pessoas não desistiram de me chamar. Eu negava porque tinha que estar 100% apaixonada, e eu não estava, então, não contribuiria.
A experiência inicial como diretora aconteceu no documentário “EU”, em que ela recorreu a suas vivências com crises de ansiedade e síndrome do pânico para tratar de temas como autoconhecimento, saúde mental e espiritualidade. A produção está disponível no Globoplay e na plataforma Aquarius. Meses antes do lançamento do filme, Ludmila revelou o diagnóstico de esclerose múltipla:
— Quando falei sobre isso, eu já estava bem. Sou uma pessoa muito fechada em relação à vida pessoal. Quis falar para trazer luz para um assunto que acho importante. Hoje nem falo mais, estou completamente bem. Foi algo que transformou a minha vida para melhor. Revi minhas prioridades e a maneira como cuido da saúde, da família e do meu trabalho.
A discrição que ela cita fica nítida nas redes sociais, onde raramente posta fotos da família e do marido:
— Como a minha vida sempre foi muito exposta desde cedo, tinha necessidade de preservar minha privacidade. Era o único lugar em que me conectava com a Ludmila pessoa. Sou uma pessoa de poucos amigos, prezo por encontros mais significativos.
Veja como estão os atores da primeira ‘Malhação’ que sumiram da TV
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Claudio Heinrich vivia o professor de jiu-jitsu Dado. Em 2023, ele participou do reality ‘No limite’ — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Luigi Baricelli era o lutador Romão. Atualmente, ele mora nos EUA e está entrando no ramo imoniliário — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Pablo Uranga vivia o personagem Leo. Atualmente, ele é diretor, roteirista, músico e historiador — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Juliana Martins deu vida à protagonista, Bella. Atualmente, está em cartaz com a peça ‘O prazer é todo nosso’ — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Daniela Pessoa viveu a Magali, dona de uma locadora de vídeo. Atualmente, ela é advogada e artista plástica — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Ademir Zaynor, o professor de natação Israel, virou pastor — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Fabiano Miranda vivia o Bróduei, ajudante na cantina da academia. Atualmente, ele trabalha na área de informática e tecnologia — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Dill Costa vivia a faxineira Candelária. Atualmente, ela mora nos Estados Unidos, onde é professora de arte, dança e educação física — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Monica Areal, a Tininha, fez Direito e posteriormente se tornou delegada — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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Mario Gomes vivia Roberto, namorado de Paula. Seu último trabalho na TV foi uma participação na série ‘Amigo de aluguel’, da Universal TV, em 2018 — Foto: TV Globo e Reprodução Instagram
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