Em uma clínica ao norte de Baltimore, em Maryland, nos EUA, Myriam Lucia Vega Gonzalez atende pacientes todos os dias da semana que apresentam todos os tipos de queda de cabelo.
“É uma queixa muito, muito comum”, afirma Gonzalez, que é professora assistente de dermatologia na Universidade Johns Hopkins.
A boa notícia é: “Estamos na era de ouro do cabelo”, diz Shari Lipner, professora associada de dermatologia clínica na Weill Cornell Medicine. Em outras palavras, existem vários tratamentos eficazes que não estavam disponíveis no passado.
O Washington Post entrevistou cinco dermatologistas sobre algumas das causas mais comuns de queda de cabelo e os tratamentos comprovados que podem ajudar a fazer seu cabelo crescer novamente.
Queda de cabelo padrão
Também conhecida como alopecia androgenética, a queda de cabelo padrão é hereditária e leva a cabelos progressivamente mais finos e ralos em homens e mulheres à medida que envelhecem. É também a forma mais comum de queda de cabelo, diz Paradi Mirmirani, dermatologista e especialista em distúrbios capilares da Kaiser Permanente em Vallejo, Califórnia.
“Os genes determinam muito do que acontece com o cabelo”, afirma Mirmirani, que também é consultora de várias empresas farmacêuticas que desenvolvem tratamentos para queda de cabelo.
Queda de cabelo difusa
Também conhecida como eflúvio telógeno, essa queda de cabelo pode ocorrer após uma doença, infecção, gravidez, cirurgia ou outro evento estressante. A queda pode durar de seis a nove meses antes que o cabelo se recupere, diz Gonzalez.
Algumas pessoas que tomam medicamentos análogos do hormônio GLP-1, as chamadas canetas emagrecedoras, relataram queda de cabelo, mas não está claro por que isso pode acontecer, observa Carolyn Goh, professora clínica de dermatologia na UCLA Health. Pode ser devido à rápida perda de peso, uma mudança na dieta ou múltiplos fatores confusos.
Queda de cabelo focal
Este tipo de queda de cabelo em áreas específicas pode acontecer devido a uma condição autoimune conhecida como alopecia areata. (Em casos raros, a queda de cabelo devido à resposta imunológica pode ser mais extensa, causando a queda de todos os pelos, incluindo cílios.)
E certos penteados, como rabos de cavalo apertados, tranças e extensões de cabelo podem causar algo conhecido como alopecia por tração, que pode levar a danos relacionados à tensão nos folículos capilares e queda de cabelo, diz Gonzalez.
Quando devo consultar um dermatologista?
Se você notar que está perdendo mais cabelo do que o normal, ou seu couro cabeludo está ardendo ou coçando, marque uma consulta com um dermatologista, diz Goh.
“É difícil descobrir qual tipo de queda de cabelo alguém tem, a menos que consulte um dermatologista”, ressalta Lipner. “E o tempo é realmente essencial.”
Quais tratamentos realmente funcionam?
O melhor tratamento dependerá do tipo de queda de cabelo de uma pessoa, bem como de sua idade, gênero, estilo de vida, medicamentos que já está tomando e outras condições de saúde que possa ter, dizem os dermatologistas.
Para muitas pessoas com alopecia areata, a condição autoimune, o cabelo pode crescer novamente, principalmente se a queda de cabelo for leve, diz Gonzalez. Mas os dermatologistas podem injetar um esteroide ou usar pomadas nas áreas afetadas para ajudar a tratar a inflamação.
Outros tratamentos que podem ajudar pessoas com alopecia areata ou outros tipos de queda de cabelo incluem:
O minoxidil tópico é um tratamento bem estudado e eficaz, disponível com prescrição médica e sem receita, que estimula o crescimento de novos cabelos.
“Pense nele como um fertilizante”, diz Mirmirani. “Ele faz o cabelo crescer em todos os lugares.”
Tradicionalmente usado para tratar pressão alta, o minoxidil oral também é prescrito offlabel [fora da indicação da bula] para queda de cabelo.
Os pacientes às vezes preferem tomar minoxidil em comprimido porque é mais fácil do que aplicar um tópico em seu cabelo duas vezes ao dia, diz Goh.
E um tratamento tópico no couro cabeludo pode não funcionar tão bem para alguém que coloca gel ou outros cosméticos em seu cabelo todas as manhãs, diz Lipner.
O minoxidil em baixa dose mostrou ser seguro e eficaz para a queda de cabelo, mas o medicamento pode levar a um aumento da frequência cardíaca, inchaço nos tornozelos e pés, insuficiência cardíaca ou uma queda acentuada na pressão arterial, alerta Lipner.
Este medicamento antiandrógeno é aprovado pela FDA [agência regulanoda dos EUA] para homens e interrompe o afinamento dos folículos capilares, diz Mirmirani. Os dermatologistas também prescrevem finasterida offlabel para mulheres, mas não foi tão bem estudada, diz Goh.
E a finasterida pode causar alguns efeitos colaterais sexuais, diz Lipner, mas às vezes os benefícios superam os riscos para os pacientes.
Outro medicamento antiandrógeno, a espironolactona, pode ser usado offlabel para mulheres mais jovens, diz Goh.
E existem outros procedimentos complementares que os dermatologistas usam para aumentar a eficácia dos medicamentos, como injeções de plasma rico em plaquetas e terapia de luz vermelha de baixa frequência, diz Mirmirani.
A maioria dos tratamentos leva de seis meses a um ano para funcionar, ressalta Goh. E, para mulheres grávidas, “realmente não há tratamento seguro para queda de cabelo”.
Por que os medicamentos para queda de cabelo não funcionam para todos?
Nos termos mais simples, os folículos capilares no couro cabeludo estão intactos —e o cabelo pode crescer novamente— ou foram destruídos, diz Antonella Tosti, professora de dermatologia da Universidade de Miami.
Uma vez que os folículos capilares estão irreparavelmente danificados (também conhecidos como cicatrizados), não há muito o que se possa fazer além de um transplante, movendo folículos capilares de uma parte do couro cabeludo para outra, afirma Lipner.
“Mas tenha em mente que os transplantes capilares também não são simples”, diz Lipner. Depois de fazer um transplante capilar, você terá que tomar regularmente um medicamento para manter o cabelo.
Quais tratamentos têm menos evidências?
Suplementos de biotina são promovidos para cabelos saudáveis, mas não há boas evidências de que a vitamina ajude na queda de cabelo, diz Lipner. “A menos que você seja deficiente”, diz ela. “E isso é extremamente raro.”
A biotina também pode interferir em exames laboratoriais que os médicos usam para diagnosticar um ataque cardíaco. Por causa disso, Lipner recomenda que seus pacientes evitem suplementos com altas doses de biotina.
“Há ainda menos regulamentação sobre suplementos e produtos cosméticos”, diz Goh. “Eles não precisam passar pelos mesmos padrões de segurança que os medicamentos.”
Comece construindo hábitos saudáveis —exercícios regulares, melhor nutrição e sono adequado— antes de comprar um suplemento ou multivitamínico, disse Mirmirani.
“É difícil prevenir a genética”, diz ela. “Mas as coisas que você pode mudar são esses hábitos saudáveis.”