No balanço das influências que moldaram o U2, Bono sempre volta ao ápice punk do fim dos anos 70. Foi ali, ainda adolescente, que ele encontrou a banda que colocaria num pedestal “em disco”, pela força crua das gravações e pela estética que virou chave na cabeça de meio mundo. Em 2020, ao listar as 60 músicas que “salvaram” sua vida, o irlandês incluiu “Anarchy in the U.K.” e publicou uma carta de fã, que foi reproduzida pela Far Out.
Ele abre citando todos os integrantes dos Sex Pistols: “Queridos John, Steve, Paul, Sid e Glen, não acho que já tenha existido uma banda de rock’n’roll em disco melhor do que vocês. A produção de todas as suas músicas… sem igual. Aquele Chris Thomas sabia como servir a fúria e transformá-la em beleza… bem, acho que ele devia ter algo… bom. Steve Jones, o minimalista máximo que você é, nunca foi superado na pura e visceral guitarra de rock’n’roll.”
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Depois, cita diretamente o vocalista: “Aquele tal de Johnny Rotten era algo, não era? Olhando para trás, vocês eram parte Ricardo III, parte vaudeville, parte profeta – mas sempre contadores da verdade – com uma voz como uma gaita de foles que conseguia marchar exércitos de amantes e haters para a batalha… e conseguiu. Eu não conseguia decidir de que lado eu estava, até perceber que tudo dependia do que você amava e do que você odiava.”
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Bono também faz um paralelo cultural: “Os irlandeses se dão bem com as palavras e a música inglesas, e os ingleses se dão bem conosco.” E encerra citando o verso que escandalizou em 1976: “A linha de abertura ‘I am an Antichrist’ era muita coisa para absorver, mas, por outro lado, minha própria família dizia o mesmo de mim… Seu fã, Bono.”
Do outro lado, John Lydon não retribuiu a gentileza. Em entrevista ao Daily Star, cravou: “O U2 – essa é uma banda que nunca deveria ter existido. Não há experiência de vida em nenhuma das músicas deles.” Mas a provocação não muda a equação: para Bono, os Sex Pistols seguem como a melhor banda de rock’n’roll “em disco”, crédito à produção de Chris Thomas, à telepatia de estúdio e à guitarra “máximo minimalista” de Steve Jones, um pacote que ele considera imbatível quando o critério é o que ficou gravado.
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