A iRobot, pioneira da robótica doméstica e durante anos líder incontestada no segmento dos aspiradores inteligentes, enfrenta agora uma crise tão profunda que ameaça a própria sobrevivência da marca e o futuro dos seus populares Roomba.
Queda acentuada nas receitas e caixa quase esgotado
A iRobot, durante anos referência global na robótica doméstica, enfrenta uma crise financeira profunda. Os dados mais recentes revelam que a empresa dispõe de menos de 25 milhões de dólares em caixa, valor considerado insuficiente por analistas para sustentar as operações.
As receitas também recuaram de forma significativa, passando de 193,4 milhões para 145,8 milhões de dólares no terceiro trimestre. O CEO Gary Cohen classificou o desempenho como muito abaixo do esperado e admitiu que já não existe acesso a novas fontes de capital.
De líder do setor a marca fragilizada pela concorrência chinesa
Os robots Roomba e Braava marcaram uma geração de consumidores e abriram caminho para a limpeza inteligente em milhões de casas. Contudo, o avanço de concorrentes chineses, como a Roborock, Dreame e Ecovacs, alterou o equilíbrio do mercado.
Estas marcas oferecem desempenho elevado a preços muito inferiores, retirando à iRobot a posição de destaque que detinha.
A tentativa de salvação surgiu em 2022, quando a Amazon planeou adquirir a empresa, mas o negócio acabou bloqueado pelos reguladores. Desde então, a iRobot acumulou dívidas para manter as operações e, apesar de cortes significativos e novos lançamentos, não conseguiu recuperar estabilidade.
De acordo com informações avançadas pelo The Verge, a empresa estará já a ponderar proteção contra credores e à procura de um comprador capaz de assumir o controlo.
O que poderá acontecer aos eu robô Roomba
Se a iRobot entrar em falência, os atuais utilizadores poderão enfrentar perdas relevantes.
Os modelos Roomba continuariam a funcionar em modo offline, mas funcionalidades avançadas que dependem da cloud, como mapeamento inteligente, programação de limpeza ou controlo por aplicação, ficariam em risco caso os servidores fossem desligados.
Um precedente semelhante ocorreu com a Neato, cuja empresa-mãe encerrou operações em 2023, mas manteve os servidores ativos até 2025 para cumprir o período de suporte.
É possível que a iRobot adote uma abordagem semelhante, garantindo algum tempo adicional de funcionamento dos serviços, ainda que temporariamente.
Aspiradores inteligentes prestes a desaparecer?
A situação ilustra um paradoxo: uma marca que definiu o padrão de inovação durante duas décadas vê-se agora pressionada por concorrentes mais baratos e tecnologicamente competitivos.
Sem um investidor que assegure a continuidade da empresa, a iRobot arrisca transformar-se num capítulo encerrado da história dos eletrodomésticos inteligentes, deixando milhões de Roomba como testemunho silencioso da queda do seu próprio criador.


