Estão marcadas mais três semanas de paralisação, em períodos intercalados, a partir de 21 de novembro. A Associação dos Agentes de Navegação avisa para o impacto nas empresas de cruzeiros.

Ainda a anterior paralisação dos portos não tinha terminado e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias já apontava baterias para a próxima: há mais um pré-aviso de greve, de períodos intercalados, para começar esta sexta-feira, 21 de novembro. Tem a duração prevista de três semanas.

O sindicato justifica a insistência nas greves — terceira este ano, depois de junho/julho e outubro/novembro — com a “reiterada e incompreensível posição do Ministério das Finanças que, há já muitos meses, impede que seja cumprido o acordo celebrado em 18 de dezembro de 2024, entre este Sindicato e todas as Administrações Portuárias (por proposta das mesmas)”.

Marcada para seis períodos diferentes, a greve abrange os dias 21, 22, 25, 26, 28 e 29 de novembro, bem como 2, 3, 4, 9, 12 e 13 de dezembro, estando previstos serviços mínimos. De fora ficam os portos da Madeira e dos Açores, bem como as operações em Portugal continental por parte de navios de mercadorias que tenham como destino ou proveniência os dois arquipélagos.

Greves afetam sobretudo cruzeiros

Na última greve (em que não foi feito qualquer balanço pelo sindicato ou pelas administrações dos portos), houve “pelo menos, umas 30 ou 40 escalas canceladas”, revela António Belmar da Costa, presidente da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR), ao Jornal Económico.

São “sobretudo cruzeiros”, porque os navios de mercadorias “se não vêm amanhã, vêm à tarde”. E o impacto foi “significativo, na ordem dos milhões” de euros, entre efeitos diretos e indiretos. “Tem de perceber que, se a nível macro, 20 ou 30 escalas ao longo do ano não são muito significativas, para uma empresa, duas ou três escalas são significativas, têm impacto nas receitas”, salienta António Belmar da Costa. “Nós estamos a falar, essencialmente, das lanchas — o serviço que leva os pilotos para o bordo dos navios. Esses serviços deixam de acontecer e paralisam completamente o porto. Meia dúzia de pessoas”, lamenta ainda.

Para esta nova paralisação, o responsável diz estar “muito preocupado” porque é também “uma questão de imagem e reputação” — os armadores “vão-se afastando cada vez mais e depois vai ser complicado retomar”, afirma António Belmar da Costa.

O presidente da AGEPOR, que antevê mais escalas canceladas a partir de dia 21, deixa críticas ao Governo, porque havia “um entendimento entre as administrações portuárias e o sindicato” com “a benção da tutela”. Agora, porém, “o que parece é que as Finanças não estão a dar a benção ao Ministério das Infraestruturas”, afirma António Belmar da Costa, concluindo que “não se está a honrar o que foi prometido”.

“Deveriam honrar o compromisso, que parece ter existido, pelas informações que temos. Não podemos ter um governo das Infraestruturas e um governo das Finanças. Eu acho que o Governo tem de falar a uma só voz”, atira o representante dos agentes de navegação.