Quando Steve Vai fala de heavy metal, ele volta para bem antes da imagem de guitarrista virtuoso com calça de spandex. No podcast Metal Sticks, apresentado por Nicko McBrain, do Iron Maiden, ele contou que, quando era muito jovem, a ambição era outra: “Quando eu era muito jovem, eu queria ser compositor. Eu queria entender como escrever. E eu aprendi isso; aprendi isso muito cedo” disse, conforme transcrição feita pela Blabbermouth.
A guitarra pesada só entrou de vez em cena quando ele tinha por volta de 12 anos, graças aos discos que a irmã começou a levar pra casa, com nomes como Alice Cooper, Kiss, Led Zeppelin, Deep Purple e Queen. Foi aí que a tal “energia” do metal apareceu como algo difícil de ignorar. Vai diz que foi justamente essa força que o puxou, ao mesmo tempo em que ele já carregava um gosto por melodias longas e ideias “esquisitas” em termos musicais. Segundo ele, o cérebro acabou misturando as duas coisas: de um lado, a intensidade do som pesado; de outro, a vontade de explorar harmonias e temas mais elaborados, que depois apareceriam nos discos solo.
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Na adolescência, o retrato é mais objetivo. Ele se define como um verdadeiro fã de Black Sabbath e diz que sempre foi atraído pelo metal que existia ali naquele momento, no fim dos anos 1970. Já o Iron Maiden entra com mais força nos anos 1980, quando a cena toda começa a se reorganizar. É nesse ponto que Vai passa a enxergar uma divisão clara dentro do gênero, separando o que vinha do Reino Unido e o que explodia nas rádios americanas.
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Sobre aquela época, ele resume assim: “Nos anos 80, havia dois tipos – havia o tipo inglês, britânico, com muita integridade no metal, enquanto muitas das bandas americanas de pop metal dos anos 80 eram mais coloridas, meio circenses.” Na visão dele, o metal britânico mantinha uma base mais sólida, enquanto grande parte do pop metal americano apostava num pacote mais espalhafatoso de visual, refrão grudento e clima de espetáculo.
Quando lembra da fase em que entrou na banda de David Lee Roth, depois da saída do vocalista do Van Halen, Vai admite que o show se encaixava justamente nesse lado mais teatral. Ele define aquela turnê como “pura indulgência de rock totalmente exagerada” e comenta que Roth levou tudo para um clima quase de circo glam: palco gigante, cenário colorido, roupas malucas e espaço de sobra para correr e chamar atenção.
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Por trás disso, porém, havia um trio preocupado em tocar até o limite. Vai conta que ele, Billy Sheehan e Gregg Bissonette se interessaram em aproveitar aquela habilidade que eles tinham: “Na época, o shredding estava se tornando popular, e eu era um desses caras que simplesmente praticava muito. Eu adorava tocar devagar, mas eu adorava fritar.” Não por acaso, ele lembra dos duetos que montava com Sheehan, cheios de passagens rápidas e sincronizadas – tudo, como ele mesmo brinca, “em calças de spandex”.
Vista em perspectiva, a forma como Steve Vai fala do heavy metal dos anos 1970 e 1980 junta bem os dois mundos que marcaram a carreira dele: o adolescente que se apaixona pelo peso de Black Sabbath, Deep Purple e pela energia das bandas britânicas, e o guitarrista que topa subir num palco gigantesco ao lado de David Lee Roth em clima de espetáculo, desde que possa colocar ali suas melodias longas, suas “esquisitices” musicais e uma boa dose de fritação na guitarra.
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