Muitos médicos, incluindo Fleischman, ficaram imediatamente céticos em relação às conclusões do WIH e tentaram se manifestar contra elas, mas os equívocos já haviam se enraizado.
Estudos mais recentes, em geral, descobriram que a TRH oferece uma ampla gama de benefícios à saúde das mulheres, incluindo uma redução no risco de fraturas ósseas. Isso é significativo, considerando que uma em cada três mulheres com mais de 50 anos sofre fraturas por osteoporose — lesões graves que podem levar à perda de independência e a um risco maior de coágulos sanguíneos, pneumonia e morte.
Os efeitos cognitivos são menos claros, mas evidências crescentes sugerem que a TRH pode proteger a função cognitiva, com um relatório constatando que ela reduz o risco de demência em cerca de 23 a 32%. Ela também pode ajudar a evitar a depressão e a ansiedade em algumas mulheres, especialmente quando usada em conjunto com antidepressivos, e, ao aliviar os sintomas, permite que as pessoas tenham um melhor desempenho no trabalho e estejam mais presentes com suas famílias, diz Fleischman.
“Não há dúvida de que a TRH é boa para a saúde mental e o bem-estar mental em mulheres na pós-menopausa”, diz ele.
A TRH também tem sido associada a um menor risco de câncer de cólon, e vários estudos mostram que ela reduz significativamente a mortalidade por todas as causas, inclusive as de origem cardiovascular, quando iniciada em mulheres com menos de 60 anos.
Em mulheres mais jovens, o estrogênio ajuda a diminuir o depósito de placa nas artérias e faz com que os vasos sanguíneos se dilatem, de acordo com Mary Jane Minkin, ginecologista e codiretora do Programa de Sexualidade, Intimidade e Menopausa da Yale Medicine, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. “Você obtém um melhor fluxo sanguíneo e menos resíduos”, diz ela.
A terapia hormonal vaginal — um tipo de TRH que não é absorvida sistemicamente, mas administrada diretamente na vagina — pode aliviar sintomas genitais e urinários, como secura vaginal, irritação, dor durante o sexo e infecções do trato urinário que, em casos raros, podem desencadear sepse, diz Marko. “É uma pena que tenha havido uma advertência de caixa preta sobre o estrogênio vaginal, porque ele realmente não apresenta nenhum desses riscos”, diz ela.
Como em qualquer tratamento, o mais recomendado é que cada mulher converse com seu médico para decidir se deve adotá-la. Ele pode avaliar o histórico de saúde da pessoa, bem como seu histórico familiar, além de analisar problemas médicos já existentes e determinar qual medicamento, se houver, pode aliviar seus sintomas. A TRH é mais segura e eficaz quando iniciada dentro de 10 anos após sua última menstruação. “Essa é a janela de oportunidade ideal”, diz Minkin.
Ainda assim, a TRH não é para todas as pessoas: aquelas com histórico de doenças cardíacas e cânceres sensíveis a hormônios devem evitar a terapia, pois ela pode aumentar o risco de um evento cardíaco, como derrame, ou recorrência do câncer.
Em alguns casos, a TRH ainda pode ser uma opção, mas uma conversa cuidadosa sobre os riscos e benefícios, além de um monitoramento contínuo, é crucial, diz Marko.