O mercado dos projectores portáteis tem vivido uma espécie de segunda juventude. A ideia é tentadora: pousar o equipamento onde der mais jeito, ligá-lo e ter, de imediato, uma imagem digna de uma sala de cinema, mas sem instalação fixa nem cabos a mais. O Hisense M2 Pro entra precisamente neste cenário e fá-lo com um argumento difícil de ignorar: é pequeno, leve e suficientemente competente para tornar qualquer parede numa tela de grandes dimensões.
O formato cúbico e discreto não denuncia o que consegue fazer. A lente frontal em destaque e o suporte articulado — simples, sólido e muito prático — facilitam o posicionamento, dispensando improvisações com livros ou caixas para acertar o ângulo. Para quem preferir algo mais permanente, existe ainda a possibilidade de montagem no tecto.
A este conjunto junta-se o que a marca baptizou de AutoMagic AI Adjusting System 2.0, um nome grandiloquente para um sistema de correcções automáticas que, felizmente, funciona: foco, trapézio, detecção de obstáculos e até compensação de cores quando a parede não é branca. Em poucos minutos, o projector está pronto, sem dramas. A mala de transporte incluída reforça a vocação portátil, e o comando retro-iluminado mostra atenção ao detalhe — para evitar andar às apalpadelas numa sala escura.
A imagem ganha vida (depois dos ajustes certos)
O M2 Pro recorre à tecnologia Trichroma Laser, com três lasers dedicados às componentes primárias, o que lhe garante cores mais vivas e uma longevidade que deve ultrapassar largamente a década de utilização moderada.
Consideramos que o design minimalista está bem conseguido. A base de suporte facilita o acerto do ângulo da projecção
DR
A cobertura de gama de cores é ambiciosa e o brilho, anunciado como 1300 lumens ANSI, basta para salas escuras ou ambientes controlados, embora não vença a claridade de uma tarde soalheira. Não é um projector 4K nativo — seria impossível a este preço — e apoia-se no habitual método de pixel shifting, onde um chip de 1080p vibra de forma ultra-rápida para projectar os 8,3 milhões de píxeis do 4K. É uma técnica comum e o resultado é muito superior ao 1080p. O resultado é suficientemente nítido para conteúdos de alta-definição, reforçado por um zoom óptico de 1,3x que evita perdas de qualidade.
Um dos trunfos do M2 Pro é o suporte para todos os formatos HDR (grande intervalo dinâmico) relevantes, incluindo Dolby Vision, ainda raro nesta gama. É aqui que o projector surpreende quem está habituado a equipamentos compactos mais básicos.
A imagem, contudo, precisa de algum afinamento inicial. Os modos de fábrica exageram nas cores e dão ao movimento um aspecto artificial. A solução passa por seleccionar o modo de cineasta e o perfil Warm 2 — dois passos que transformam o que vemos no ecrã. Com estes ajustes, o projector oferece uma imagem equilibrada, com tons de pele naturais e uma abordagem sensata às cenas escuras. Não tenta disfarçar limitações com contrastes artificiais; assume-as e preserva o detalhe possível.
Há, naturalmente, perda de nuances quando comparado com modelos de gama alta, mas nada que prejudique a experiência. O efeito arco-íris, típico de projectores DLP, quase não se manifestou nos nossos testes, embora haja utilizadores que dizem notar o fenómeno com frequência — um ponto a considerar para quem for sensível a este artefacto.
Compromissos? Sim, mas aceitáveis
Para atingir este nível de portabilidade e preço, houve compromissos. O sistema de som interno cumpre o básico, mas não acompanha a dimensão da imagem que o projector é capaz de criar. Serve para notícias ou séries ligeiras; para cinema ou acção, uma barra de som é praticamente obrigatória. Outro limite está nas ligações: apenas uma porta HDMI 2.1. Entre consolas e boxes de streaming (Apple TV, por exemplo), será necessário escolher, ou andar a trocar cabos. E apesar de a porta suportar baixa latência automática, não permite 4K a 120 Hz, deixando os jogadores mais exigentes de fora.
Veredicto
O M2 Pro não tenta ser tudo para todos. A Hisense investiu no essencial — imagem, facilidade de utilização e versatilidade — e sacrificou o que a maioria dos utilizadores acabará por complementar com outros equipamentos. É uma solução que brilha em ambientes domésticos descontraídos, para sessões de cinema improvisadas na sala, no quarto ou até no jardim numa noite de Verão.
Quem deve evitar este projector? Jogadores que exijam 120 Hz em 4K, utilizadores que precisem de múltiplas entradas HDMI ou quem queira negros perfeitos e desempenho ao nível dos modelos premium. Para todos os outros, especialmente para quem valoriza a portabilidade e quer uma imagem generosa sem grandes complicações, o Hisense M2 Pro posiciona-se como uma das propostas mais equilibradas e tentadoras na sua faixa de preço.
Tipo
Projector de vídeo portátil
Tecnologia de projecção
DLP, chip DMD 0,47″
Ecrã
Resolução: 3840×2160 píxeis (4K)
Tamanho de imagem: 65″ a 200″
Relação de projecção: 1.0-1.3:1
Proporção: 16:9
Fonte de luz
Laser RGB (laser triplo)
Vida útil: até 25 000 horas
Imagem
Brilho: cerca de 1300 ANSI lumens
Contraste: 1000:1
Gama de cores / HDR: 110% BT.2020,
Compatível com Dolby Vision, HDR10 e HLG
Upscaling 4K com IA
MEMC / Motion Compensation
Ajustes automáticos: foco, keystone, enquadramento, evitamento de obstáculos
Adaptação de imagem à cor da parede
Áudio
Altifalantes integrados: 2×10 W (20 W)
Compatível com Dolby Audio e DTS Virtual:X
Sistema operativo
VIDAA OS
Conectividade
HDMI 2.1
USB 3.0
Wi-Fi (a/b/g/n/ac)
Bluetooth 5.0
AirPlay 2 e Miracast
Dimensões e peso
23x19x22 cm, cerca de 3,9 kg
Consumo energético
Até 100 W
Ruído
Funcionamento até 24 dB
Preço
1299 euros