Na prática, Portugal ocupa o 9.º lugar, uma vez que os três primeiros lugares continuam vagos, já que nenhum país está totalmente alinhado com o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. O Índice de Desempenho das Alterações Climáticas, conhecido pela sigla CCPI (Climate Change Performance Index), é um instrumento que avalia o desempenho das políticas climáticas de cada país.
A Dinamarca mantém-se como o país com melhor desempenho, liderando em política climática e destacando-se nas energias renováveis, especialmente na energia offshore. O Reino Unido subiu uma posição e ocupa agora o 5.º lugar, tendo completado a eliminação do carvão, embora ainda precise de avançar mais nas energias renováveis. Em 6.º lugar surge Marrocos, que apresenta bons resultados em quase todas as categorias, com emissões per capita muito baixas, investimentos significativos em transportes públicos e uma nova meta climática ambiciosa para 2035.
Portugal recebeu uma classificação “elevada” nas emissões de fases com efeitos de estuda e “média” na utilização de energia, energias renováveis e política climática.
Apesar desta classificação positiva, a associação ZERO destaca que Portugal ainda enfrenta desafios significativos, nomeadamente no setor dos transportes, que continua a apresentar um aumento consistente de emissões, com um aumento de 7 por cento em 2023 e uma contribuição de 29 por cento para o total das emissões com efeito de estufa em 2022.

“Outros pontos críticos incluem a inconsistência no sinal de preço do carbono, enfraquecido pela recente redução da taxa sobre produtos petrolíferos, e a persistência de subsídios e isenções fiscais aos combustíveis fósseis”, lê-se no comunicado da associação, que salienta que estes fatores “dificultam a descarbonização dos setores mais intensivos em emissões, como a indústria de refinação de petróleo e a produção de cimento”.
Por este motivo, a ZERO considera que é essencial intensificar os esforços para reduzir as emissões do setor dos transportes; garantir um sinal de preço do carbono consistente e eliminar gradualmente os subsídios e isenções fiscais a combustíveis fósseis; acelerar a implementação das metas de energias renováveis de forma ponderada; reforçar a integração dos princípios de transição justa e cumprir plenamente a Lei Nacional do Clima e alinhar as políticas nacionais com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
“Estas medidas são essenciais para que Portugal continue a ser um exemplo de boas práticas climáticas, mantendo um desempenho elevado no CCPI e contribuindo efetivamente para a estabilidade climática global”, diz a associações, salientando que se Portugal implementar uma ação mais eficaz para reduzir as emissões em setores-chave como os transportes, poderá poupar 16 mil milhões de euros até 2030 e evitar mais de 1.300 mortes prematuras por ano.
Países do G20 com desempenho fraco
O CCPI avalia os progressos em mitigação climática de 63 países, mais a União Europeia no seu conjunto, que são responsáveis por 90 por cento das emissões globais.
Apesar do impulso positivo, os países do G20 continuam a apresentar um desempenho preocupante. À exceção do Reino Unido, dez países permanecem na
categoria “muito baixa”. São eles a Turquia, China, Austrália, Japão,
Argentina, Canadá, Coreia, Rússia, Estados Unidos e Arábia Saudita.
A China, maior emissor de carbono, subiu uma posição para o 54.º lugar, mas mantém uma classificação muito baixa. A Índia, outro grande emissor, registou uma das maiores quedas na classificação, ocupando o 23.º lugar. A descida deveu-se ao aumento contínuo das emissões e do consumo energético, aliado à ausência de um plano concreto para eliminar o carvão.
Os EUA – que abandonaram temporariamente o Acordo de Paris – registaram uma queda particularmente significativa, descendo oito posições para o terceiro lugar a contar do fim na classificação geral, logo atrás da Rússia. Os últimos lugares do CCPI são ocupados pela Arábia Saudita e pelo Irão, os maiores produtores de petróleo e gás.
O país que registou a maior queda do seu desempenho climático foi o Egito, que desceu 18 posições e ocupa agora o 38.º lugar.