A União Europeia aumentou em 2024 o investimento em proteção social, com todos os Estados-membros a reforçar a despesa e o orçamento total a aproximar-se dos cinco biliões de euros. Segundo a ‘Euronews’, trata-se de um crescimento global de quase 7%, num contexto marcado pelo envelhecimento demográfico, pela pressão sobre os sistemas de saúde e pelas necessidades de habitação acessível.

A despesa média em prestações sociais corresponde agora a cerca de 27% do PIB europeu, embora persistam diferenças significativas entre países. Finlândia, França e Áustria surgem como os mais generosos, alocando cerca de 32% do PIB, enquanto a Irlanda ocupa a última posição, com 12%. Já Portugal registou 23,27%

Irlanda gasta menos, mas ranking tem explicações estruturais

A Irlanda continua a apresentar a menor fatia de despesa social na UE, menos até do que países terceiros como Bósnia-Herzegovina ou Sérvia, de acordo com o Eurostat. No entanto, especialistas citados pela ‘Euronews’ explicam que o perfil demográfico mais jovem reduz a pressão sobre pensões, cuidados prolongados e saúde relacionada com a idade.

Outro fator é o impacto das multinacionais no PIB irlandês, que inflaciona artificialmente o indicador. Por isso, académicos defendem que o Rendimento Nacional Bruto é uma métrica mais fiel para avaliar o nível de vida no país. Ainda assim, a Irlanda destaca-se ao surgir como o segundo Estado-membro que mais investe em habitação social, proporcionalmente ao PIB.

Pensões continuam a dominar a despesa social europeia

As prestações de velhice são o maior peso orçamental na UE, representando dois biliões de euros. Logo a seguir surgem saúde e doença, com quase 1,5 biliões de euros, e depois o apoio à família e infância, seguido das medidas destinadas a pessoas com deficiência.

Áustria, Itália e Finlândia lideram a despesa com pensões, todas acima de 14% do respetivo PIB. Já na área da saúde, a Alemanha mantém a posição cimeira, com 9,9%, seguida por França e Países Baixos, ambos com 9,5%.

No apoio ao desemprego, França ocupa o primeiro lugar, com 1,75% do PIB, seguida de Finlândia e Espanha.

Habitação acessível preocupa europeus — e Finlândia lidera investimento

A Finlândia é o país que mais despende em habitação, alocando 0,99% do PIB, seguida por Irlanda e Alemanha. A pressão sobre o custo da habitação é, contudo, transversal ao continente: um Eurobarómetro de 2025 mostra que 40% dos inquiridos consideram a falta de casas a preços acessíveis o problema mais urgente da UE, valor que sobe para 51% entre residentes urbanos.

Estónia regista maior crescimento da despesa social — mas inflação explica subida

A Estónia foi o país que mais aumentou a despesa social em 2024, com uma subida próxima de 20%, à frente da Croácia e da Roménia. Especialistas sublinham, porém, que este salto resulta sobretudo da indexação automática das pensões e do crescimento acelerado dos salários, e não de uma expansão política do Estado-Providência.

As prestações parentais, calculadas com base no salário, também encareceram, tal como os mecanismos associados ao aumento do custo de vida.

Alemanha cresce menos, mas enfrenta pressões adicionais

Entre os aumentos mais modestos estão Grécia, Suécia, Itália e Dinamarca, todas abaixo dos 5%. A Alemanha registou um crescimento de 6,5%, inferior ao de muitos parceiros europeus, mas especialistas sublinham que o país enfrenta fatores adicionais, como os custos associados aos refugiados ucranianos e o abrandamento económico, que reduz o crescimento do PIB e aumenta o desemprego.