A partir de 2026, 50 ruas do centro histórico de Florença não poderão ter esplanadas, enquanto em 73 terão de obedecer às novas regras da Câmara Municipal. As lonas de plástico estão proibidas e o uso de vegetação é incentivada. Tudo isto em prol da “protecção dos espaços públicos e do património de Florença, maior equidade e simplificação para as actividades económicas e uma cidade mais habitável para os residentes”, como diz o conselheiro para o Desenvolvimento Económico e Turismo, Jacopo Vicini, no comunicado do município.
A versão final do documento foi assinada pela Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem da Cidade Metropolitana de Florença e pela Câmara Municipal da cidade e será aprovada em Assembleia desta última nas próximas semanas.
O novo regulamento está a dividir opiniões: os habitantes acham que não é suficiente, já os proprietários dos bares e restaurantes confessam estar preocupados devido à possibilidade de perderem lugares, de acordo com o Corriere Fiorentino, jornal local que pertence ao grupo do Corriere della Sera.
As 50 ruas onde os espaços exteriores são proibidos situam-se todas na área Património Mundial pela UNESCO. De acordo com a ANSA, o Borgo Santa Croce, a Piazzale degli Uffizi, a Piazza di Santa Maria Nuova, a Ponte Vecchio, a Via Maggio e a Via Roma são algumas das que não poderão ter mesas e cadeiras.
A histórica Ponte Vecchio não poderá ter esplanadas e cadeiras
REUTERS/Alessandro Garofalo
As tipologias de esplanadas definidas para as 73 ruas vão da categoria A à D. A primeira só permite mesas e cadeiras sem plataformas e, no máximo, poderá ter pequenos chapéus-de-sol. Já a categoria seguinte, divide-se em duas: a B deixa a instalação de uma plataforma e de uma protecção em três lados e chapéus-de-sol, salvo nas áreas onde há vista para os principais monumentos ou sinalética rodoviária. A B.1 permite painéis adicionais de vidro ou acrílico durante os meses de Inverno. A categoria C autoriza uma plataforma, estrutura em três lados e cobertura fixa ou amovível. Por fim, a D, inclui uma estrutura fechada em todos os lados e uma cobertura fixa ou amovível.
Não à publicidade
No comunicado já mencionado, lê-se que em quatro das principais praças – Signoria, Repubblica, Santa Maria Novella e Pitti – “as partes definirão conjuntamente os possíveis tipos de ocupação de terrenos públicos”. No caso da Piazza della Repubblica, “os lugares ao ar livre devem obedecer a critérios de simetria e homogeneidade e garantir um espaço central adequado em ambos os lados ocupados da praça”.
O centro histórico de Florença é um dos epicentros do turismo em Itália
REUTERS/Alessandro Garofalo
O protocolo proíbe ainda lonas e toldos de plástico e publicidade. O que é incentivado é a utilização de vegetação, sejam plantas ou flores que estejam de acordo com a estação do ano e que devem ser cuidadosamente cuidadas e mantidas. As luzes não devem ser coloridas e os guarda-sóis, as estruturas, os porta-menus e os balcões de atendimento devem ser uniformizados.
Este é, segundo Jacopo Vicini, um acordo que resulta “de um trabalho aprofundado e de discussões consistentemente frutíferas que temos mantido há meses com a Superintendência, além de ouvir as necessidades de quem vive em Florença, de quem aqui trabalha e contribui para a manter viva”. Antonella Ranaldi, a responsável pela Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem da Cidade Metropolitana de Florença, acrescenta que “o novo protocolo segue em grande parte o anterior e tem em conta a experiência dos últimos anos pós-Covid com novas práticas que favorecem a revitalização de praças e ruas. São introduzidas simplificações e projectos especiais para determinadas praças. Em suma, foi encontrado um bom equilíbrio”,
Em declarações à Lady Radio, Jacopo Vicini explicou que, “em princípio, os estabelecimentos comerciais com espaço exterior continuarão a tê-lo, pelo que os negócios existentes não serão afectados, excepto em alguns casos, como as livrarias com mesas ao ar livre. Não planeamos remover as mesas ao ar livre, mas sim melhorá-las, torná-las mais bonitas e mais condizentes com o contexto em que estão instaladas, removendo o plástico e promovendo elementos decorativos”. Não serão aceites novos pedidos de licenças até à entrada em vigor do novo regulamento.