Para já trata-se de uma medida preventiva. A questão ainda não se coloca, mas é preciso dotar a Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), responsável pela rede Unir, de ferramentas para poder encontrar soluções em caso de incumprimento de alguma das concessionárias.

A explicação foi dada aos jornalistas, nesta sexta-feira, no final do Conselho Metropolitano do Porto, pelo presidente do órgão, Jorge Sequeira (PS). Na ordem de trabalhos da reunião de autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP) estava um pedido de autorização da TMP para realizar uma “eventual despesa urgente e inadiável” para manter a operação da rede Unir.

“Essa matéria está a ser analisada juridicamente. A empresa [TMP] está a tomar todas as medidas que sejam necessárias para assegurar a continuidade dos serviços”, disse o também autarca de São João da Madeira.


O responsável falou apenas em cenários hipotéticos e não quis pronunciar-se sobre problemas concretos em algum dos cinco lotes concessionados a empresas diferentes. Mas lá reconheceu que “há vicissitudes em vários lotes”

Sublinhou apenas que foi “desenhada uma articulação” entre a comissão executiva da AMP e a TMP para “responder a quaisquer eventualidades”.

Também presente na reunião desta sexta-feira, o presidente da TMP, Marco Martins, anunciou que a empresa irá mudar-se para as novas instalações durante Agosto, altura em que começarão a ser colocados códigos QR nas paragens com os horários da Unir.

Operadores notificados

Desde o arranque da operação que se sabe que o serviço da Unir não é um problema abstracto. No último conselho metropolitano, a TMP avisou que foi “expedida uma notificação a diversos operadores” para que resolvessem “incumprimentos que estão a ser constatados”. Já no início do ano, a empresa metropolitana tinha anunciado o reforço de controlo, tanto da operação como da bilhética.

As queixas sobre o serviço da Unir, rede metropolitana de autocarros que arrancou em Dezembro de 2023, não são uma novidade. Mas o problema persiste. Só no primeiro semestre deste ano, a TMP registou 400 reclamações sobre as linhas da Unir só em Gaia. A maioria foi sobre viagens não realizadas neste município que, com Espinho, integra o lote 4, operado pela Transportes Beira Douro.

Quando ainda era autarca da cidade e também presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues disse que Gaia “tem sofrido com os incumprimentos da empresa que ganhou o concurso”. Em Maio defendeu que, depois de um período de tolerância de um contrato que tem sete anos, ou a empresa “cumpre ou vai embora e dá lugar a outro”.

A Vianorbus tem o lote 1 (Maia, Matosinhos e Trofa), a Nex Continental opera o lote 2 (Gondomar, Valongo, Paredes e Santo Tirso), a Porto Mobilidade ficou com o lote 3 (Vila do Conde e Póvoa de Varzim) e a Xerbus trabalha no lote 5 (Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, São João da Madeira e Vale de Cambra)

As queixas em Gaia são tão habituais que já entraram na campanha para as eleições autárquicas deste ano. O candidato do PS, João Paulo Correia, já manifestou o desejo de substituir o operador da Unir naquele concelho. Luís Filipe Menezes, que quer regressar à autarquia pelo PSD, depois de 12 anos fora, disse que ia pensar em cortar com a empresa metropolitana e criar uma solução municipal.