Os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, estão a recolher depoimentos no círculo mais próximo de Isak Andic, o fundador da Mango — que morreu, em circunstâncias ainda não esclarecidas, depois de ter caído de um penhasco, em dezembro de 2024, nos arredores de Barcelona. A polícia está a investigar o incidente como um possível homicídio, escreve o El País, e quer perceber os detalhes da relação entre Andic e o filho, Jonathan, a única testemunha do incidente que provocou a morte do homem mais rico da Catalunha.
As filhas de Andic, Judith e Sarah Andic, prestaram já declarações aos Mossos d’Esquadra sobre os aspetos mais pessoais da relação do irmão, Jonathan, com o pai. Também a companheira de Andic à época da morte, Estefanía Knuth, prestou depoimento. A golfista lembrou aos investigadores da polícia catalã um episódio tenso entre Isak Andic e o Jonathan, depois de o fundador da Mango se ter afastado e deixado a empresa nas mãos de diversos executivos, incluindo do filho.
Algum tempo depois dessa decisão, Andic criticou o filho, alegando que, sob sua liderança, a empresa tinha perdido a “essência”. Andic culpou Jonathan pela má gestão que acabaria por resultar em prejuízos de milhões de euros para a empresa de moda, uma das maiores da Europa. Os maus resultados da Mango forçaram Isak Andic a reassumir o comando.
Segundo Estefanía Knuth, a relação entre os dois deteriorara-se bastante nos meses anteriores à morte de Andic.
Jonathan Andic também prestou depoimento nos Mossos d’Esquadra, e em duas ocasiões, mas sempre como testemunha. Nesses depoimentos, o filho do fundador da Mango entrou com contradição diversas vezes, o que, juntamente com outras evidências (nomeadamente a incongruências na cronologia dos acontecimentos), fez aumentar as suspeitas da polícia — que lhe chegou mesmo a apreender o telemóvel. A meio de outubro, quando se adensavam as suspeitas sobre o filho mais velho de Isak Andic, a família emitiu um comunicado, no qual manifestava a convicção de que Jonathan Andic é inocente no caso.
Filho mais velho de Isak Andic é agora o principal suspeito da morte do fundador da Mango
Uma certeza que os Mossos d’Esquadra não têm. Para além de Jonathan, não há testemunhas do que aconteceu na estrada que liga Collbató (em Barcelona) ao mosteiro de Montserrat, onde se deu a queda fatal. Sem provas diretas, a polícia catalã reuniu pistas ao longo dos meses que sugerem a possibilidade de homicídio.
Cabe agora à investigação chegar a conclusões fundamentadas, de forma a apresentar o caso à juíza do tribunal em Martorell (uma cidade a norte de Barcelona, que tem jurisdição sobre a zona onde ocorreu a morte). A magistrada decidirá depois se arquiva o caso ou se mantém a investigação aberta e convoca Jonathan Andic para depor, desta vez como suspeito formal pelo crime de homicídio.
Também o presidente da Mango, Toni Ruiz — que assumiu a presidência depois da morte repentina de Andic — já depôs perante a polícia catalã. O psicoterapeuta de Jonathan Andic e um irmão de Isak, Nahman Andic, também fundador da Mango, testemunharam igualmente no caso.
Recorde-se que Isak Andic, de 71 anos, morreu a 14 de dezembro de 2024, quando caiu de uma altura de cerca de 150 metros, num penhasco na Serra de Montserrat, cerca de 40 quilómetros a noroeste de Barcelona, numa zona conhecida pelos percursos pedestres.