A recomendação habitual para carros elétricos é de os usar com a bateria entre 20 e 80 por cento da capacidade. No entanto, pode acontecer um cenário extremo de chegar a 0 por cento – tal como pode ficar sem combustível num automóvel com motor de combustão em situações mais ou menos imprevistas. Aí, pode começar a sentir condicionamentos no desempenho.
No caso dos elétricos, qual será a reação do carro quando chega aos 0 por cento de carga indicada? Foi o que o clube automóvel alemão ADAC quis perceber, testando seis modelos diferentes (exemplares novos) na sua pista de ensaios em Penzing.
No início, estavam com níveis entre 20 e 30 por cento, tendo sido conduzidos até esgotar a bateria completamente. O comportamento dos seis veículos com pouca autonomia foi semelhante.
Alertas há. E redução de desempenho?
Primeiro, surgiu um alerta para a necessidade de carregamento, alerta esse que depois escalou e tornou-se mais insistente – em alguns casos, também passou a ser acústico e a sugerir medidas de poupança.
Só numa terceira fase é que a potência é reduzida – ao haver uma descida para menos de dez por cento do nível da bateria. Mesmo assim, segundo o ADAC, ainda é possível conduzir apesar das diferenças no comportamento do automóvel.
Vários dos carros da experiência exibiram uma tartaruga, enquanto um BYD só mostrou a instrumentação desde que a bateria chegou aos cinco por cento.
Paragem ao chegar a zero? Não necessariamente
Apesar de não haver um manómetro a indicar a parte da reserva do depósito como nos motores de combustão, os carros elétricos ainda têm mais energia para emergência – a energia de reserva de emergência, segundo o ADAC. Ou seja, a carga indicada até 0 por cento não significa o desligar imediato de um veículo como se fosse um aparelho eletrónico.
Essa autonomia extra para imprevistos permitiu percorrer mais 15 a 20 km em todos os carros, mas à custa de um forte corte de potência. A velocidade ficou, pois, fortemente condicionada – não chegando aos 50 km/h.
Porém, o clube automóvel alemão avisa que não se deve ficar a contar com a reserva de emergência. Ao funcionarem no limite da energia, as viaturas elétricas testadas desligaram-se muito rapidamente a velocidades inferiores a 50 km/h e, em alguns casos, não foi possível voltar a ligar.
Para além disso, a reserva pode esgotar-se rapidamente em certas situações (como subidas inclinadas) ou nem estar presente em casos de baterias mais antigas. A consequência no uso em condições reais? Uma possível paragem abrupta, que pode representar um perigo.
O Auto ao Minuto acrescenta: Como nos automóveis de combustão, jogar a sorte com os níveis de abastecimento (neste caso, não de combustível, mas sim de energia elétrica) não é recomendável.
Deve sempre recarregar assim que puder quando a carga for baixa, percorrendo a menor distância possível para evitar surpresas desagradáveis e potenciais situações de risco rodoviário acrescido.
Por outro lado, vários fabricantes e especialistas – como a J.D. Power – admitem que deixar a bateria descer dos 20 por cento pode ter um impacto negativo na saúde da mesma. E, esgotar a carga por completo, também pode influenciar a bateria de 12 volts que alimenta a eletrónica.
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